O banzo é um sentimento profundo, uma saudade que parece vir da alma, enraizada na história e nas memórias de um povo. É uma dor que surge nos corações de muitos, uma expressão que remete ao sofrimento da escravidão e à busca incessante pela liberdade. Mas o banzo não se limita ao passado; ele persiste no presente, manifestando-se em uma geração que ainda carrega as marcas da opressão e anseia por um futuro mais digno.
Em um dia qualquer, ao caminhar pelas ruas de uma cidade marcada por suas contradições, percebi que o banzo está engasgado em muitos, como um grito sufocado que se recusa a ser esquecido. A luta pela liberdade, embora celebrada como um mito, ainda é uma realidade distante para muitos que vivem à margem da sociedade. As barreiras impostas pela desigualdade social e racial continuam a aprisionar, e o banzo se transforma em um lamento silencioso.
Os rostos que cruzam meu caminho trazem histórias únicas, mas, ao mesmo tempo, são reflexos de uma luta coletiva. O vendedor ambulante que, com um sorriso no rosto, oferece seus produtos, mas por trás da alegria, carrega o peso de um passado que não se apaga. A professora que, com dedicação, tenta inspirar seus alunos, mas enfrenta a dura realidade de um sistema educacional desigual. E o jovem que sonha em voar alto, mas sente o peso das correntes invisíveis que o seguram no chão.
O mito da liberdade, que deveria ser um direito universal, se transforma em uma ilusão para muitos. As promessas feitas ao longo dos anos, de um futuro igualitário e justo, soam vazias quando confrontadas com a realidade diária. O banzo engasgado é a sensação de que a liberdade ainda não foi plenamente conquistada, de que as cicatrizes do passado ainda sangram e que a luta continua.
Reconhecer esse banzo é dar voz à dor e ao anseio por mudança. A sociedade precisa olhar para aqueles que ainda se sentem aprisionados e acolher suas histórias, suas dores e suas esperanças. O mito da liberdade deve ser uma inspiração, mas não pode ser uma justificativa para o descaso. Precisamos transformar a saudade em ação, a dor em luta e o silêncio em voz.
Refletir sobre o banzo engasgado, somos chamados a repensar nosso papel na construção de um mundo mais justo. Que possamos nos unir, ter um olhar horizontal, não vertical, em torno da causa da liberdade, não apenas como um ideal distante, mas como um compromisso diário. O banzo pode ser um convite à empatia, um lembrete de que a liberdade de um é a liberdade de todos.
Nos inspirar a lutar por um futuro onde a liberdade não seja apenas um mito, mas uma realidade vivida por cada um. Que cada lágrima derramada se transforme em combustível para a mudança, e que, juntos, possamos construir um mundo onde a liberdade seja um direito inalienável, e o banzo se transforme em um canto de celebração e esperança.
Sobre o autor: Denilson de Paula Costa, é especialista em história cultural, membro da academia militar e coautor do livro “Encontros com a história e a cultura africana e afro-brasileira”.
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