MÃE-PRETA

Filho de branca babujou teu seio,
negrinho berrou e berrou,
sinhá nenhuma amamentou.
Por que não existe mãe-branca?
Por que não existe mãe-branca?

- Mãe branca?
ora já se viu
é muito desaforo!

Oliveira Silveira
Roteiro dos Tantãs

Portal – Fale-nos sobre seus livros.

Oliveira Silveira - Tenho dez títulos publicados, a maioria em antologias como "Cadernos Negros", "Axé", de Paulo Colina, "Razão da Chama" e o "Negro Escrito", ambos de Osvaldo de Camargo. Também tenho textos publicados no exterior. Na Alemanha, numa coletânea com outros autores negros brasileiros, editada no final de 1988. Nos Estados Unidos, em revistas das universidades de Virgínia e da Califórnia, juntamente com Paulo Colina, Osvaldo Camargo e outros.

Portal – Sua terra natal influenciou sua carreira? Como?

Oliveira Silveira – Sim. Isto se deu através da escola. No início estudava em casa, pois minha professora também morava no sítio. Mais tarde me transferi para Rosário e fiz o ginasial, adiante mudei para Porto Alegre, onde cursei o clássico e a faculdade.

"A literatura surgiu em minha vida na época em que ainda morava em Rosário. Minha infância foi marcada pela poesia popular, quadrinhas e versos de polca entoados durante os bailes campeiros. Ritmos típicos do meio rural gaúcho. É um momento especial, onde as mulheres tiram os homens para dançar e aí se cantam versos, o par diz uma quadrinha um para o outro, começando pelo rapaz e respondida pela moça. Também me lembro dos "causos" contados pelos mais velhos na cozinha, ao redor do fogareiro. Essas narrativas são um substrato da minha literatura."

Mais adiante tive contato com livros e comecei a escrever. Em 1958 publiquei meu primeiro poema, num jornal de Rosário. Isto foi muito importante para o início de minha carreira. A partir dos estímulos recebidos de amigos continuei a escrever poemas regionalistas, que marcam até hoje meu estilo. Não me desvinculei desta linguagem rural. Claro que depois experimentei outras tendências, até chegar na poesia negra, na medida em que me conscientizava. Esta consciência chegou bem tarde.

"...Minha infância foi marcada pela poesia popular..."
Abertura

Consciência racial
"Encontrei Minhas Origens"
O movimento negro no sul
"Treze de Maio"
Cultura e resistência
"Cantar Charqueada"
Obra e suas Influências
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