Vanda Pedro – A estrela da TV angolana estreia musical no Brasil.
Estrelado pela atriz angolana, Vanda Pedro, o Musical “A historia da Áfrika” dirigido pelo produtor angolano, Isidro Sanene, estreou no dia 18 de novembro, com duas sessões no Centro Cultural Olido – a peça teatral lotou em suas 04 apresentações inicias. O musical marcou o mês da Consciência Negra no Brasil na cidade de São Paulo.
VANDA PEDRO
Quem é essa estrela angola? Vanda Pedro é uma atriz angolana que começou sua carreira aos 12 anos no teatro em sua escola primária e depois entrou para um dos melhores grupos da cidade de Luanda que foi “Miragens Teatro”. A oportunidade veio em um momento que Angola estava começando a ficção nos anos 2000, com seu talento e carisma, Vanda Pedro entrou para o programa de maior sucesso na teledramaturgia angolana que é “Conversas no quintal”, no qual participou do núcleo que era uma família, o programa tinha um formato parecido com o programa brasileiro, “Sai de Baixo” de grande sucesso também por aqui.
O JORNALISTA, William Lemos que fez a direção de palco do musical, conversou com Vanda Pedro e trás um pouco da historia dessa estrela da TV angolana.
ENTREVISTA
WILLIAM LEMOS 01) Como foi participar do programa de maior sucesso da historia da TV angolana, que foi “Conversas no Quintal”?
R – VANDA PEDRO – Tenho muito orgulho de ter feito parte desta historia, o programa durou 10 anos na programação da televisão, foi um dos programas que mais demorou e o primeiro que rompeu barreiras, que foi pra TPA África. Pra se ter uma ideia da importância deste programa, os angolanos que tinham fugido da guerra e estavam na diáspora podiam ter noticias de Angola, de que estava tudo bem, que as coisas estavam a funcionar. Foi um programa que mudou a vida de todos nós atores, somos muito queridos até hoje, numa época em que não existiam as redes sociais e nós costumamos dizer, os atores de “Conversas no Quintal”, que podemos andar do mar ao leste, nós temos comida e teto pra dormir por que Angola toda nos conhecem, não existia redes sociais, só existia uma televisão que era a Televisão Publica de Angola e que às 20 horas, todos estavam ligados para ver o Conversas no Quintal. Completamos 20 anos de existência, o projeto faz 20 anos esse ano 2022 e provavelmente vai sair um Best, né? Um reencontro, por que o publico pede há muitos anos pra voltar a nos ver juntos. Tenho 20 anos de televisão, 25 anos de teatro.
WILLIAM LEMOS – Você já esteve no Brasil antes e como surgiu o convite para participar do espetáculo “A historia da Áfrika”?
R – VANDA PEDRO – O Brasil sempre foi o país dos meus sonhos, eu o escolhi para passar minha lua de mel, minhas férias, conhecer Copacabana e ver o carnaval brasileiro de perto foi uma experiência única. O convite para participar do espetáculo “A historia da Áfrika” veio da Casa de Angola na cidade de São Paulo no mês de maio, pelo fato de ter sido homenageada pelos trabalhos que tenho feito em Angola, por tudo que significo para os angolanos e também pelo trabalho recente que fiz para a TV sobre a luta pelo câncer que comoveu toda a sociedade, tive que perder peso, raspar a cabeça, enfim… foi uma emoção inexplicável.
WILLIAM LEMOS – Agora pra encerrar, me fala um pouco deste espetáculo que você participou “A Historia da ÁfriKa”?
R – VANDA PEDRO – Historia da África é uma peça muito interessante, com uma narrativa diferente do que nos temos visto, vimos muito a narrativa da colonização, do que prejudicou a África, Isidro Sanene (diretor do espetáculo) nesta peça traz uma narrativa diferente que fala da falta da união dos povos africanos é que se deu a abertura para a escravatura e a colonização. Quando recebi o texto fiquei maravilhada com ele e com a criatividade do Isidro Sanene, a forma como ele criou as cenas, eu fiz a Amina, uma rainha que foi a mais famosa das rainhas africanas por que o reino dela era muito grande, a atual Nigéria, antigamente Zazzau, a comunidade Zazzau, em que ela lutou muito para que os africanos tivessem dignidade e conquistou vários reinos para poder semear a ideia de que nós precisávamos nos unir. Achei o personagem muito forte, alem de ser uma mulher a liderar em 1545, se não estou em erro, liderar tribos africanas, sabemos que lá os homens é que são os lideres, ter uma mulher a liderar uma das maiores comunidades da África que é a Nigéria é uma historia surreal. É uma historia que teve um significado para mim, eu defendo a emancipação e o empoderamento da mulher, achei fantástico, teve uma boa aceitação não só da comunidade africana como o povo brasileiro, as salas estiveram lotadas, as pessoas assistiram, as pessoas se emocionaram, é um projeto que te vários imigrantes africanos, teve congoleses, angolanos, tem nigeriano, teve uma guineense, uma cabo-verdiana, uma moçambicana, é um misto de nacionalidades em que cada um representou o seu pais , as suas raízes e deu seu sangue, seu tudo pra que o espetáculo fosse o que foi, senti uma energia muito mística no meio de todo o elenco e de tudo que girava em torno do espetáculo, acredito que foi uma semente que plantamos aqui no Brasil que vai brotar muitos frutos no mundo inteiro, por que é uma historia que é uma aula, uma hora de aula sobre a historia de África e espero que este espetáculo venha para Angola.
MUSICAL – A HISTÓRIA DA ÁFRIKA
A árvore milenar é testemunha da história da mãe África, berço das ciências, da humanidade e das artes. Assinado pelo multi artista e professor Isidro Sanene, o texto retrata a vida de reis e rainhas da África, os horrores da Escravidão e as conseqüências desse brutal crime contra a humanidade, ainda negado por parte da população. “O musical A História da Áfrika é parte dessa construção no intuito de livrar a humanidade da ignorância e dizer ao Brasil que relembrar a nossa história é fundamental para a construção de uma sociedade igualitária”, diz o diretor, Isidro Sanene. Trinta e duas pessoas participam do musical entre atores, cantores, produtores, cenógrafos, diretores de arte, figurinistas em um processo de desenvolvimento voluntário que durou nove meses. Com verbas da Secretaria Municipal de Cultura, através do Centro Cultural Olido, do Centro Cultural Santo Amaro, da Casa de Cultura Chico Science e do Centro Cultural Casa de Angola, o espetáculo foi também custeado pelos próprios artistas e colaboradores da peça. “A importância do espetáculo musical se dá em função da indiferença com a qual o Ocidente trata sobre questões do Continente Africano. O Brasil é um dos países fora do Continente Africano que bebeu muito da cultura africana, mas a sociedade brasileira ainda tem grande dificuldade de entender essa África, a dimensão do Continente – que conta com 55 países – e sua relevância. A não reflexão sobre o Continente Africano e sua identidade faz com que o Brasil se distancie mais ainda de suas raízes e o musical vem como um antídoto a isso, aproximando o Brasil da mãe África”, explica Sanene. O grupo Vocal Kuimba é protagonista da peça, com seus cantores atuando como Reis da África, e a atriz angolana Vanda Pedro interpreta uma rainha. Também está na peça o ator angolano Liberato Stoya na personificação do baobá, ambos os atores aparecem como mensageiros do passado e futuro, em prol da humanidade. O Vocal Kuimba é um coral formado em 2013 por jovens estudantes angolanos que se encontraram em São Paulo motivados pelas lembranças da vida em seu país.
FICHA TÉCNICA
Direção e dramaturgia: Isidro Sanene Produção e revisão de texto: Maria Elizabete Pereira Mota Iluminação:Veronica Castro Cenografia: Jefferson Trocato Figurino: Kime Aderonmu Sonoplastia: Pepe Jacques Lamah (Jax One The Beat) Diretor de música e arranjos: Frederico Geraldo Fotografia: Katia Reis e Analu de Camargo Coprodução e backstage: José Moisés Zua, Adriana Santos de Oliveira, Íris Mateus Direção de palco: William Lemos Assessoria de imprensa: Rafaela Camargo Casting, cantores/atrizes e atores: Antônio Liberato, Vanessa Tavares Silva, Federico Geraldo, Hermenegildo Calombe Graça, Palloma Reis Maia, Sidônio Gomes da Silva, Kelvin França de Lamare, José dos Santos Pison, Maria Clara Silva Reis, Mirelly Nunes da Silva, João Manuel Duarte, Nuria Manuel, Luiza N’gola, Loyde Jinga, Vinícius Alves, Mestre Fininho Convidada especial: Vanda Pedro (atriz angolana, vindo diretamente de Angola para participar desse espetáculo musical). O público brasileiro aguarda ansiosos para as novas datas do musical, que segundo, Isidro Sanene, serão informadas em breve.
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