NOTA ESPECIAL:
SÉRIE: “SOB TRAÇANTES” – Júlio Barroso
“Todo mundo é inocente até que se prove o contrário. Mas para quem é preto, todo preto é culpado até que se prove inocente”
Com essa frase começou na última terça-feira, dia 04/12/2018 no canal Futura, dentro da série “Sob Traçantes” o episódio sobre a vida do cidadão Júlio Barroso.
Cada episódio da série documental, fala sobre um cidadão diferente, retratando a trajetória de pessoas marcadas por situações de extrema violência, que lutam para construir um futuro melhor através da cultura da paz.
O episódio / documentário sobre Julinho da Glória, como é conhecido, conta através de seu próprio depoimento e de declarações de pessoas que fizeram parte da sua história, o carácter dramático da sua biografia.
Julinho, foi preso numa favela do Rio de Janeiro, quando o mesmo havia subido ao morro, acompanhando amigos, para buscar maconha para uso pessoal (conforme o próprio conta). Conta também que a partir de um B.O. policial forjado, que dizia que ele tinha uma metralhadora e havia trocado tiros com a PM, foi preso, julgado e condenado.
A narrativa na voz calma e centrada de Júlio nos revela um drama conhecido de muitos jovens negros das periferias das grandes cidades brasileiras; dramas que já ouvimos e lemos diversas vezes em páginas e programas policiais televisivos, nos quais se repetem as histórias de jovens que são sempre considerados bandidos, são presos e muitas vezes assassinados, pelo simples fato de serem negros .
Júlio foi condenado a 12 anos de prisão, mesmo sem provas convincentes sobre sua participação no crime. Após oito anos, Júlio saiu decidido a retomar a vida.
O mais intrigante nesse episódio é como Júlio Barroso enfrentou o filme de terror que se tornou a sua vida e depois de cumprir sua condenação, seguiu em frente tentando recuperar seu caminho como cidadão que foi retirado de forma violenta e injusta.
Esse episódio da série, que como todos os outros tem a direção de Luís Lomenha, tem a qualidade de ilustrar e nos fazer lembrar em 15 min, de forma incisiva e direta, acontecimentos de injustiças raciais recorrentes em nossa sociedade, que aconteceram nos anos 80, como esse do Júlio, mas que já aconteciam anteriormente, acontecem ainda hoje a sabe-se lá até quando irá acontecer.
Uma triste prova de uma realidade perversa para a população negra, mas que em casos como o do Júlio, consegue se recuperar e dar a volta por cima, dentro do possível dos acontecimentos.
“Sob Traçantes” é justamente sobre como podemos superar a violência, com esperança e determinação.
Hoje em dia, Julio vê sua história como um ato de valor. “Eu só posso me sentir muito honrado por estar participando desse hall de pessoas tão engajadas contra violência, seja aqui no Brasil ou no mundo”. Hoje é produtor cultural, formador de opinião e escreve na ANF. A série vai ao ar todas as terças-feiras, às 23h30, no Canal Futura. Reprises ás quartas-feiras 4h45, sábado 19h15 e domingo 17h15. Todos os episódios estarão disponíveis no Futura Play.
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