O lançamento ocorre em duas datas e em dois locais diferentes: no Centro de Cultura e Arte Batakerê (17/08) e na SP Escola de Teatro (22/08)
O livro Elegbára Beat – um comentário épico sobre o poder é fruto dos 20 anos de pesquisa de rodrigo de odé sobre as relações entre capoeira angola, teatro negro, cinema, candomblé e filosofia africana. A dramaturgia vai ser lançada em grande estilo, com dois eventos em locais e datas diferentes, em São Paulo. O primeiro é dia 17 de agosto, às 17h, no Centro de Cultura e Arte Batakerê (Rua Cinturão Verde, 227 – Vila Santa Inês, São Paulo, SP). O outro é no dia 22 de agosto, na SP Escola de Teatro (Praça Franklin Roosevelt, 210, Bela Vista, São Paulo, SP), às 19h.
Os lançamentos são marcados por uma série de atividades especiais. No sábado, dia 17, o público também acompanha uma leitura dramatizada e um debate com o Babalorixá Adailton Moreira Costa de Ogun, a coordenadora da ONG Criola Lúcia Xavier e o fundador da Cia dos Comuns, Hilton Cobra.
Já na quinta, dia 22 de agosto, além de outra leitura dramatizada, os espectadores conferem um debate com Lucelia Sergio, atriz, diretora e fundadora da Cia Os Crespos; e o mestre de capoeira Angola Pedro Peu, do Centro de Capoeira Angola Angoleiro Sim Sinhô.
Sobre o livro Elegbára Beat – um comentário épico sobre o poder
Publicado pela Kitabu Editora, o texto parte da diversidade racial negra para refletir sobre as relações de poder no mundo de hoje. O autor estabelece conexões entre o mito de nascimento de Exu Elegbára e algumas tragédias recentes, como o assassinato do Mestre Moa do Katendê, o assassinato de George Floyd, a morte do menino Miguel Otávio e a pandemia de Covid-19.
“Eu sempre busquei exercer minha originalidade plenamente no teatro. Queria construir minha assinatura. Por isso, todas as minhas pesquisas e experiências estavam guardadas em uma espécie de incubadora afetiva”, conta odé.
Nesse contexto, serviram como subsídios para Elegbára Beat – um comentário épico sobre o poder toda a sua formação em Filosofia, que envolve pesquisas sobre Nietzsche; sua prática de capoeira com o mestre Marrom desde 1999 e as suas vivências com a Cia dos Comuns, que englobam pesquisas sobre Abdias do Nascimento, Leda Maria Martins, Conceição Evaristo e Mãe Beata de Iemanjá.
Além disso, contribuiu para a criação da poética do trabalho as composições do multi-instrumentista nigeriano Fela Kuti (1938-1997), cujas letras eram bastante politizadas. “Para mim, é fundamental produzir espetáculos belos, mesmo que eles toquem em temas difíceis e duros. E essa beleza deve estar, inclusive, nas palavras”, defende rodrigo de odé, autor da dramaturgia.
A Secretaria da Cultura e Economia Criativa, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, a Secretaria Municipal de Cultura, a Secretaria Municipal de Educação da Cidade de São Paulo, coletivos independentes de teatro e artes negras, associações de moradores de comunidades, projetos sociais para jovens em situação de vulnerabilidade e cooperativas de trabalhadores receberão cerca de 75 exemplares do livro para que seja incorporado aos seus acervos.
A dramaturgia ora lançada resulta de um projeto contemplado na 1ª Edição do Prêmio Aldir Blanc de Apoio à Cultura da Cidade de São Paulo, em 2020.
Leitura dramatizada
Para a leitura dramatizada, realizada com o grupo Malta Teatro de Nação e alguns atores convidados, haverá trilha sonora ao vivo com instrumentos de percussão. “Os intérpretes vão se alternar para ler as rubricas, em um jogo de pergunta e resposta dinâmico e artístico, o que dialoga com a proposta do texto, que é bastante poético”, conta odé.
Atividades paralelas
As ações de lançamento do livro Elegbára Beat – um comentário épico sobre o poder ganharam outros desdobramentos. Também estão programadas oficinas gratuitas de capoeira angola, teatro negro e afrobeat (estilo musical africano criado na década de 1970 pelos músicos Fela Kuti e Tony Allen) no Centro de Cultura e Arte Batakerê (Rua Cinturão Verde, 227 – Vila Santa Inês, São Paulo, SP).
As inscrições – que não têm seleção – estão abertas até dia 12 de agosto por meio de formulário do GoogleForms (link no final). As aulas acontecem nos dias 14, 15 e 16 de agosto. Todas as aulas são coordenadas pela companhia Malta Teatro de Nação.
Ministrada por Mestre Marrom, a proposta da oficina de Capoeira Angola é realizar uma vivência das tradições e ritualidades dessa manifestação cultural. Os alunos vão exercitar formas diferentes de gingar; aprender a tirar da ginga movimentos de ataque e de defesa; e começar a jogar e a improvisar com colegas diferentes.
rodrigo de odé é o responsável pela oficina de Teatro Negro. A ideia é exercitar modos de jogo teatral e de ação, em que a relação entre palco e plateia seja repensada. O que acontece quando abandonamos a convenção dramática tradicional para apostar em uma relação entre artista e observador inspirada em referências culturais africanas? A proposta também é perceber como soa nossa voz e como o corpo reage nesta relação; e compreender como o texto ganha vida nesta modalidade cênica da performance negra.
Loiá Fernandes é a professora da oficina de afrobeat, gênero musical que combina ritmos e toadas tradicionais do povo yorubá com sonoridades e estilos afro-diaspóricos, como o jazz e o soul. Durante os encontros, os participantes realizam exercícios de sensibilização musical para o corpo e a voz. Serão exploradas dinâmicas de responsos (jogos de perguntas e respostas); a execução de células rítmicas com os pés, as palmas, ombros e quadris; e uma gama de vocalizações teatrais: frases, diálogos, berros, gritos, assobios, sons guturais, gemidos e fluxos de vocalizes mais convencionais.
O Ciclo de oficinas e lançamento da obra teatral Elegbára Beat foi contemplado e subsidiado pelo ProAc – Edital ProAc 22/2023 – Publicação de Obra Teatral Inédita.
Sobre os debatedores
Lúcia Xavier é ativista de Direitos Humanos, assistente social, formada pela Escola de Serviço Social/UFRJ e Coordenadora Geral e co-fundadora de CRIOLA, organização de mulheres negras no Rio de Janeiro. É membro do Fórum Nacional do Poder Judiciário para a Equidade Racial (FONAER), da Coordenação de Promoção da Equidade Racial (COOPERA) da Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ) e do Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030, implementado por ONU Mulheres-Brasil.
Babalorixá Adailton Moreira Costa de Ogun é articulador da campanha #LutoNaLuta, coordenador do Projeto Alajô – Novos paradigmas para uma sociedade sem racismo e violência. É membro da RENAFRO-RJ, Doutorando em Bioética pelo PPGBIOS – UFRJ e Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (ProPED) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Babá Adailton segue mantendo o legado de Mãe Beata à frente do espaço sagrado, a Comunidade de Terreiro Ilê Omiojuarô, localizada em Miguel Couto, Rio de Janeiro.
Hilton Cobra é ator e fundador da Cia dos Comuns. Atua em espetáculos, televisão, cinema e streaming. No teatro e no cinema recebeu prêmios e indicações e como gestor público foi diretor do Centro Cultural José Bonifácio e presidente da Fundação Palmares/MINC.
Lucelia Sergio é atriz, diretora, dramaturga, crítica de arte e co-fundadora da Cia de teatro “Os Crespos”. É formada pela Escola de Arte Dramática /EAD/ECA/USP. Escreve e compõe o grupo curatorial da revista de Teatro Negro Legítima Defesa. Atualmente é atriz no espetáculo “De Mãos Dadas Com Minha Irmã” (2023) da Cia Os Crespos, com direção de Aysha Nascimento, no qual também assina a dramaturgia e a direção visual.
Mestre Pedro Peu é mestre de Capoeira, compositor, dançarino e percussionista popular, coordena o Centro de Capoeira Angola Angoleiro Sim Sinhô na zona leste de São Paulo e coordenador do Centro de Cultura e Arte Batakerê, ambos na Zona Leste de SP. Dá aulas, colabora e atua em inúmeros coletivos de artes cênicas do Brasil e de outros países como Angola, EUA, Argentina, Grécia, Itália, Espanha, Portugal e França.
Sobre a Malta Teatro de Nação
Fundada em 8 de abril de 2022, em São Paulo, a Malta Teatro de Nação é um núcleo de pesquisa e criação teatral formado pelo artista e pesquisador rodrigo de odé, por Maré Oliveira, artista e pesquisadore, pelo músico e ator Anderson Sales e por allanAmaria, que é atriz e artista capilar. A prática da capoeira angola, mais o cultivo de sua filosofia do corpo, da mente e do espírito, é a base do projeto de pesquisa de linguagem da Malta, que visa a produção de uma poética contemporânea para o teatro negro de São Paulo (e do Brasil e do mundo em geral). Além da capoeira angola, o trabalho da Malta trata de problemas, questões e símbolos comuns à experiência vivida pela comunidade negra nacional e internacional. Sem a posse de uma sede própria, a Malta já transitou por Heliópolis, Lapa e Pirituba, praticando a capoeira angola e exercícios de leitura e interpretação em espaços privados e públicos, como praças e centros esportivos. A realização do Ciclo de Oficinas e Lançamento da Obra Teatral Inédita Elegbára Beat, de rodrigo de odé, marca a estreia da Malta na cena teatral de São Paulo, fruto de um projeto contemplado em 1º lugar no Edital ProAc 22/2023.
Serviço
Projeto ELEGBÁRA BEAT – IDENTIDADE E RESISTÊNCIA
LANÇAMENTO DO LIVRO + LEITURA DRAMATIZADA + DEBATE
Centro de Cultura e Arte Batakerê
Data: 17 de agosto de 2024, às 17h
Endereço: Rua Cinturão Verde, 227 – Vila Santa Inês
Debate com Babalorixá Adailton Moreira Costa de Ogun, Lúcia Xavier e Hilton Cobra
Ingressos: gratuitos | Retirar na bilheteria com 1 hora de antecedência
SP Escola de Teatro
Data: 22 de agosto de 2024, às 19h
Endereço: Praça Franklin Roosevelt, 210, Bela Vista, São Paulo, SP
Debate com Lucelia Sergio e Pedro Peu
Ingressos: gratuitos | Retirar na bilheteria com 1 hora de antecedência
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