ESPETÁCULO INFANTIL :
“O MENINO E A CEREJEIRA”
Ao iniciar o espetáculo “ O Menino e a Cerejeira”, diversos pensamentos passam pela nossa cabeça:
– Será que a versão “teatro virtual” prejudicará a exibição, devido ao enfraquecimento da estética teatral que é feita para teatro e não vídeo, assim como tem ocorrido com tantos outros espetáculos?
– será que não ter nenhum ator de origem oriental não prejudicará uma montagem que “flerta” com a cultura e filosofia oriental?
Qualquer dúvida se extingue com o passar dos primeiros minutos da apresentação.
A estética teatral é plenamente preservada na filmagem ultra profissional , que capta com sensibilidade cada passagem das cenas, respeitando todo o teor poético e delicado dessa montagem.
É óbvio que atores de origem oriental ilustrariam bem essa história contada, porém a encenação é tão respeitosa e fiel aos ensinamentos, a cultura e conteúdos filosóficos orientais, que essa necessidade não brota e muito menos se fortifica. Para completar, o talento dos atores e atrizes escolhidos é maior que qualquer obrigatoriedade étnica. Os destaques entre os atores (todos talentosos – vale lembrar), ficam para Cleber Tolini e João Bourbonnais, ambos com criações singelas, delicadas, profundas, verticalizadas e não-óbvias, evitando assim, de caírem em conhecidas e fáceis armadilhas de representação estereotipadas de personagens infantis e/ou idosos.
Assistir à esse espetáculo depois de 5 anos de sua estreia e nesse fôlego retomado numa temporada online em um momento mundial tão dramático e marcado por uma falta de esperança generalizada é como ver e ouvir uma orquestra tocar uma bela sinfonia envolta por um mar de tristeza e desilusão num mundo destruído por bombas.
Talvez, se olharmos com atenção para a mensagem empunhada pelo espetáculo, percebamos então a importância desse recado para a criação de um novo mundo: a iluminação de uma esperança em meio ao caos.
A orquestra é dirigida por mãos precisas e inspiradas de Stella Tobar que desenha muito bem as cenas como pinturas isoladas, cada qual com seu ritmo, sua pulsação e cores precisas. O espectador se esquece que está diante de apenas 1 palco com 1 único cenário.
As marcações de cena bem desenhadas criam um dinamismo de entradas e saídas de teatro de vaudeville que deve ter exigido muito ensaio e atenção por parte do elenco;
Com quase nenhum artifício cênico, a criatividade impera com incontáveis variações de cenários, construção de dramas, comédias, suspense… tudo acontecendo e nos encantando.
Há um tom delicado e poético do inicio ao fim da montagem que nos pega por sensações, sentimentos e por silêncios que são “buracos no estômago” de quem assiste nos apresentando um teatro para crianças que se aproxima mais da poesia do que das histórias em quadrinhos.
Para a criação desse universo perfeito, lidamos com um conjunto talentosíssimo na criação do desenho de luz de Giuliano Caratori e uma cartela de cores impressionante, com o figurino e cenário de Paula de Paoli demonstrando poesia com suas delicadas metáforas de um mundo despeçado, e com o sutil e belo Visagismo de Gil Prando.
É importante citar a linda trilha sonora e edição de som que completam essa sinfonia tão bem regida.
O espetáculo nos reconecta com o nosso coração e nos lembra que a primavera ressurge sempre depois do inverno. Algo que já não lembrávamos mais.
Qual papel da Arte é mais importante do que esse nesse momento?
“O menino e a cerejeira” é uma obra que fala com toda a família, reaquecendo corações.
Cotação: 🌟 🌟 🌟 🌟 🌟 Excelente
- O espetáculo estará em temporada online do dia 03 à 18 de abril , sábados e domingos, as 16h no canal da “Borbolina Cia” https://www.youtube.com/channel/UCJmhABww6ui0H7L87LkhbSA
Ficha técnica:
Autor: Daisaku Ikeda | Idealização, Adaptação e Direção: Stella Tobar | Elenco: Alle Paixão,
Cleber Tolini, Giuliano Caratori, João Bourbonnais| Trilha Original Original: Sérvulo Augusto |
Música Hajime: Yuzo Akahori | Cenário e Figurino: Paula de Paoli | Adereços: Clau Carmo | Concepção de Iluminação: Giuliano Caratori | Visagismo: Gil Prando | Preparação tambor japonês: Gustavo Nogueira | Cenotecnia: Wagner Almeida | Fotos: Eduardo Petrini | Desenho de luz para a filmagem, operação e montagem: Vinícius Requena | Assessoria de Imprensa: Pombo Correio | Divulgação Mídias Socias: Gleice Carvalho, Agência Cultura de Paz e Fernando Maffia
Produção: Borbolina Produções
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