Entrelaçar as comemorações dos 200 anos de Independência do Brasil ao estudo da nossa História através das artes plásticas e visuais, num importante movimento cultural e educativo, é o propósito do engenheiro Marcelo Neves, fundador da Associação de Danças e Demais Culturas (Adaquerj Cultural), através da realização do projeto ‘Primeira Imperatriz e Primeiro Imperador do Brasil: Uma homenagem ao Bicentenário da Independência do Brasil’.
Com a proposta de resgatar, com pinturas históricas, fatos reais das regiões e protagonistas que tiveram importância para a Proclamação da Independência do Brasil, em 1822, a exposição a céu aberto, será feita em um muro com formato “L”, de propriedade da Prefeitura do Rio de Janeiro (COMLURB), cuja localização é tanto frontal quanto lateral à Rua Almirante Baltazar, Rua de acesso à Quinta da Boa Vista e aos sistemas de transportes da Estação de São Cristóvão, bairro que carrega parte importante da história da Família Real que fixou residência na região.
O projeto visa dar o devido protagonismo à Imperatriz Leopoldina, resgatando seu papel no processo que colocou o Brasil no cenário mundial. Segundo historiadores, ao se ausentar da Corte em agosto de 1822 para uma incursão a São Paulo, D.Pedro transferiu oficialmente e de forma inédita, o poder de governo à Leopoldina. Enquanto Regente, a então princesa tomou conhecimento da mensagem da Coroa Portuguesa que exigia o retorno da família a Portugal, decidindo então, através de reunião com Bonifácio, pela Independência.
“ A ideia é que nossa arte seja um ponto a mais para contar a história que muitas pessoas não conhecem, possibilitando que os frequentadores da Quinta da Boa Vista tenham acesso e comecem, desde o lado de fora, a compartilhar a história do Paço, resgatando, em especial, a importância da figura feminina no processo de Independência. A Imperatriz Dona Leopoldina foi quem assinou, no dia 02 de setembro de 1822, o decreto da Independência, ou seja, cinco dias antes do Grito do Ipiranga, e isso legitima o papel importante de uma mulher em um momento tão importante para a nossa História”, comenta Marcelo.
Ilustrar parte desta história em um muro provoca também um novo olhar para o “muralismo”, movimento que incentiva a produção de arte nos muros. Segundo Marcelo, a democratização da expressão artista precisa ser acessível e consumida por todos e, por conta disto, estar próximo a um local onde há grande circulação popular, é fundamental para o sucesso da exposição.
“ O muro fica próximo ao acesso da Estação Integrada de Trem e metrô de São Cristóvão, vizinho de um hospital e praticamente na entrada principal da Quinta. A realização da arte muralismo proposta será mais um ponto de visitação turística, devido ao seu papel na cultura da cidade e poderá, também, ajudar a somar divisas para o comércio local”, argumenta.
Além da arte visual, a proposta de inclusão também marca a realização da exposição. No grupo de artistas integrantes do projeto, a jovem artista plástica surda, Maria Clara, cuja deficiência não a impede de contribuir com a realização da obra de arte. Além de Maria, voluntários se juntaram ao grupo durante a sua confecção, que durou 03 dias. Ao todo, 10 profissionais estão envolvidos no projeto, entre eles Ipojucan Jesus e Sebastião Renato, artistas plásticos autodidatas.
“ A difusão e a democratização do acesso à cultura, além de uma forma de entretenimento e formação de caráter, é também uma ferramenta para a educação e crescimento do país. Para nós, é muito gratificante ver um projeto sair do papel com adesão voluntária de quem acredita na arte. Queremos despertar, através da cultura da arte urbana, a possibilidade de desenvolvimento de diversas regiões da cidade dando cores e transformando áreas até então esquecidas, e que podem gerar desenvolvimento e renda. ”, comenta Marcelo.
Contemplado com o Edital Retomada Cultural RJ 2, da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa, a exposição tem como conceito o estudo sobre a história e a consequente transformação em arte, homenageando o Bicentenário da Independência do Brasil, a expectativa de Marcelo é continuar realizando, em outras localidades, a “contação da História do Brasil”. Antes mesmo de sua inauguração, prevista para as 11h do dia 07 de setembro, o projeto já recebeu premiação conferida pelo Consulado Geral de Portugal.
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