por Venâncio Victor | Malanje
A Companhia de Bioenergia de Angola (BIOCOM), implantada em Cacuso, Malanje,prevê a colheita de 531 mil toneladas de cana para a produção de 47 mil toneladas de açúcar, 16 mil metros cúbicos de etanol e 155 gigawatts de energia eléctrica, anunciou o director adjunto da empresa.
Luís Júnior afirmou sexta-feira, na abertura da colheita, que o açúcar produzido pela companhia é destinado ao mercado interno, a electricidade é absorvida pela Rede Nacional de Energia de Angola (RNT) e o etanol hidratado pela indústria nacional de produtos de limpeza e de bebidas.
Esta é a terceira colheita realizada durante a primeira fase de implantação daquela companhia, que em 2014 produziu três mil toneladas de açúcar, assim como 25 mil toneladas desse mesmo produto e dez mil metros cúbicos de etanol em 2015.
Luís Júnior avançou que, na segunda fase do investimento, que arranca entre 2020 e 2021, a BIOCOM prevê elevar a produção para quatro milhões de toneladas de cana-de-açúcar, 523 miltoneladas de açúcar e o dobro da produção de energia, 310 mil gigawatts.
O investimento absorvido no processo de implantação foi de 750 milhões de dólares (125 mil milhões de kwanzas) na primeira fase, esperando-se que na segunda fasesejam empregues 550 milhões (cerca de 92 mil milhões de kwanzas) adicionais. A companhia tem uma capacidade de produção de energia de 33 gigawattsque abastece a cidade de Malanje e o município de Cacuso, mas o açúcar produzido ainda não cobre a procura do mercado que importa mais de 300 mil toneladas por ano. Mais de 50 mil clientes compram açúcar à BIOCOM, afirmou o director adjunto, lamentando a especulação em torno dos preços competitivos da companhia, com os fornecedores a tenderem para duplicar o preço de venda.
O governador provincial de Malanje, Norberto dos Santos, disse na abertura da colheita esperar que o açúcar produzido pela BIOCOM seja consumido em todo o país e defendeu a necessidade de uma maior divulgação do projecto, para mostrar ao mundo os investimentos que o Executivo angolano está a fazer no domínio da agro-indústria.
O projecto, disse, enquadra-se no processo de diversificação da economianacional. O governador provincial encorajou os trabalhadores a continuarem a contribuir para a evolução da empresa, à qual se vão associar nos próximos temposiniciativas como as culturas de arroz e algodão. O projecto BIOCOM está implantado numa área de 85 mil hectares e a conta com 2.125 trabalhadores nacionais e 196 estrangeiros.
A BIOCOM é uma empresa que tem a brasileira Odebrecht como acionista da primeira usina de açúcar de Angola (África).
Sem indústria e infraestrutura no país, a Biocom (da Odebrecht Angola e mais dois sócios locais) teve de importar tudo: engenheiros, operários especializados, equipamentos e a própria usina inteira.
Uma particularidade local: só 5% do açúcar da Biocom será vendido em embalagens de 1 kg em supermercados. Todo o restante será distribuído em sacos de 50 kg para consumo no mercado informal (barracas pelas ruas e estradas). É onde a população compra o produto fracionado, por causa dos preços menores.
Usina produz também etanol e eletricidade
A usina da Biocom, que fica em Cacuso, na província (Estado) de Malanje, a 400 km de Luanda, teve investimentos de US$ 700 milhões produz, além de açúcar, etanol e energia elétrica, como é comum atualmente nas usinas do Brasil também.
Até agora, todo o açúcar de Angola era importado (75% do Brasil; 20% da África do Sul e 5% de Portugal). São 260 mil toneladas por ano. Na primeira fase de produção, a usina forneceu 70% da necessidade de Angola. Depois, até 2019/20, serão 100%.
O etanol e a energia elétrica são subprodutos da fabricação de açúcar. O etanol é feito a partir do melaço que sobra. Serão 30 milhões de litros por ano em 2020 (neste ano, serão só 2 milhões de litros).
A energia elétrica é produzida com a queima do bagaço de cana (antes não se sabia o que fazer com esse material e era um problema ambiental). O vapor da queima do bagaço movimenta turbinas, que geram energia. Serão 235 GWh.
Essa produção é equivalente a uma hidrelétrica pequena, de 50 MW. Com isso, a usina gera sua própria energia e ainda exporta o excedente. Isso será suficiente para abastecer quase toda a demanda da província de Malange com a duplicação. No pico da produção, o consumo próprio será de 20 MW e a exportação, de 30 MW.
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