“Eu pensei em mim, eu pensei em ti
Eu chorei por nós
Que contradição só a guerra faz
Nosso amor em paz”
A violência pode ser definida como um fenômeno social e estrutural cujas principais causas estão relacionadas a questões socioeconômicas e históricas, à ausência ou o silêncio do Estado no que diz respeito à asseguração dos direitos básicos e fundamentais da população e também às lacunas e falhas no sistema judiciário, as quais, muitas vezes, reforçam preconceitos étnicos e de renda e deixam impunes atos graves de violência.
Tendo esses aspectos em vista, a violência pode ser descrita também como um problema sistêmico. São essas as bases que nos auxiliam na compreensão dos motivos pelos quais esse problema se perpétua no Brasil.
É importante ressaltar que a violência no Brasil está associada, principalmente, à forma como o território e a sociedade brasileira foram constituídos historicamente. Esse processo teve início com a chegada dos colonizadores europeus e a tomada das terras pertencentes à população indígena.
A violência imposta pelos recém-chegados colonizadores, que eram, então, os principais agentes de poder no Brasil Colônia, se estendeu para a escravização da população nativa brasileira e também de povos africanos que eram trazidos à força de seus países de origem. Nota-se, ainda, a imposição de crenças e das tradições culturais europeias tanto aos indígenas quanto aos africanos, que constituem uma das várias formas de violência cometidas nesse período da história.
Após a abolição da escravidão, que aconteceu somente em 1888, revelou-se uma nova camada da violência estrutural perpetuada no país. As populações africanas e seus descendentes brasileiros não receberam nenhum amparo do Estado para darem início a uma vida digna e, na ausência de condições financeiras adequadas, visto que não tinham acesso à renda ou a um trabalho remunerado, ocuparam as áreas mais distantes dos centros urbanos, onde a infraestrutura básica era inexistente. Constituíram-se, assim, as favelas.
Imagina esse ano faz 30 anos , de uma das barbáries no Brasil em 23 de julho de 1993 houve o Massacre da Candelária, uma chacina que comoveu todo o país onde as crianças foram mortas enquanto dormiam. Mostrou o despreparo dos órgãos de públicos de segurança o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completava, então, três anos de existência, e se a nova lei – marco na defesa dos direitos da infância e da adolescência – ainda estava sendo devidamente assimilada e incorporada por organizações da sociedade civil, por educadores e agentes públicos. O fato alertou a sociedade da utopia entre o que era teoria e a prática do sistema da Garantias de Direitos.
Outro caso no mesmo ano conhecido como Massacre de Haximu, resultou uma das atuações mais importantes na história do Ministério Público Federal em Roraima por representar um dos marcos no julgamento de genocídio no Brasil.
O conflito começou quando garimpeiros que exploravam ilegalmente a região não cumpriram promessas feitas a indígenas do local. No dia 15 de junho, sete garimpeiros convidaram seis indígenas para caçar e, durante a caminhada, mataram quatro deles. Em retaliação, os indígenas assassinaram um dos garimpeiros. Esse foi o estopim para o massacre que ocorreria dias depois.
Na manhã do dia 23 de julho, garimpeiros invadiram a área onde estavam alguns membros da tribo, a maioria mulheres e crianças, pois os homens haviam saído do local dias antes para participar de uma festa típica da etnia. Os garimpeiros então mataram a tiros e golpes de facão doze indígenas: um homem adulto, duas idosas, uma mulher, três adolescentes, quatro crianças e um bebê.
E tudo isso logo ali, em
séculos passado…
Podemos perceber uma sociedade gerada na violência e ainda pregamos o ódio, até quando!?
SARAVÁ, AMÉM, SALAAM ALEIKUM. SLALOM, AXÉ, ASSIM SEJA… Precisamos entender a paz!?
Sobre o autor: Denilson de Paula Costa, é especialista em história cultural, membro da academia militar e coautor do livro “Encontros com a história e a cultura africana e afro-brasileira”.
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