Saiu de casa apressado, entregou suas poucas notas a mulher e entregou as restantes no guichê do metrô. A sacola com a marmita fica presa entre dois corpos que concorrem o mesmo espaço. Quase perde a camisa na saída do vagão.
Sai do trabalho cansado após empreitada maçante entregou suor e silêncio, quase perdeu a cabeça com o patrão arrogante. Lembra da lista amassada no bolso e da compra adiada, corre ao supermercado pra não perder o horário, a grana não dá pra tudo, compra o leite da criança e uma dúzia de ovos, entrega a féria do dia. É contido na saída levado ao fundo da loja, dois caras com radio na mão.
— Esse preto suspeito tá escondendo produto. Entrega logo vagabundo!
Aí o preto se despe, das águas engasgadas, da camisa amarrotada, da calça com a lista amassada, da roupa de ladrão que lhe deram, do grito que tava preso…
Diante da multidão, nu, ele se entrega. Por Suedi Fernandes
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Suedi Fernandes por ela mesma: Sou carioca, pedagoga formada pela UERJ, pós graduada em psicopedagogia pela PUC-RJ, dedicada ao longo de minha carreira a educação de crianças oriundas de classes populares, nas modalidades educação especial, educação infantil e educação de adolescentes em privação de liberdade. Rabisco textos como caminhos para encontros comigo mesma e com as histórias que porto em mim, vindas de tempos atuais ou de outros em que nem aqui eu estava.
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