Ao ler diariamente sobre atentados ocorridos na Nigéria ,que já contam com dezenas de milhares de mortes. Uma pergunta sempre fica porque a mídia não se solidariza, não se mobiliza, não se pedem orações pelas famílias das pessoas assassinadas nesses atentados.
A tragédia provocada pelo Boko Haram atinge três países Camarões, Chad e Nigéria. Mas ao ver o noticiário há uma invisibilidade. Será porque os africanos não se parecem fisicamente com os europeus. Será que a aparência de pobreza do exército, mas não se parece com os bonitos uniformes das forças armadas europeias?
Talvez porque Lagos não seja conhecida como a cidade Luzes, palco de artistas , poetas, romances, filmes que mostram como as cidades europeias são iluminadas, espaçosas e arborizadas.
A mídia não se constrange de não noticiar, de mostrar uma profunda ignorância,de não cobrir os avanços democráticos, os processos eleitorais. Mas não cobrir tragédias humanas em que pessoas estão sofrendo por questões de intolerância religiosa.
O que separa o homem dos animais? Empatia, compaixão, simpatia com os julgamentos dos outros, mesmo quando os interessados não se parecem conosco ou suas desgraças não são imediatamente percebidas ou não nos afetam diretamente. Nós imitamos tudo o que os americanos e europeus fazem, choramos por suas perdas ainda estejamos , ironicamente, insensíveis a danos e lutos muitos mais próximos de nossa realidade quotidiana no Brasil.
O Brasil , por meio de suas autoridades sempre registra a presença africana na formação do Brasil. Somos muito mais próximos dos nigerianos do que dos franceses. Temos mais dos povos da Nigéria em nossa cultura diária e em nossa religiosidade do que a importante contribuição da cultura francesa.
Mas fico perguntando por que não amamos os africanos?
O desinteresse que as grandes potências internacionais mostraram em relação aos pedidos de apoio para combater o Boko Haram e o al-Shabab, são exemplos que não devem ser perdidos de vista, pois mostram, cruamente, aquilo com que o continente africano pode esperar, até de alguns dos que se dizem seus aliados.
Envolvidos que agora estão na defesa da Europa, esses aliados ocidentais sempre viram os problemas dos africanos à luz dos seus interesses estratégicos, políticos ou econômicos, pelo que ataques terroristas em África é um tema que não os preocupa minimamente e que, por isso, com o qual eles vivem sem sobressaltos.
Mas se isto é verdade, também fica difícil entender como é que alguns países africanos lamentam mais um ataque terrorista em Paris, com um saldo de mais de uma centena de mortos, do que numa acção do Boko Haram, ocorrida apenas dois dias antes, contra uma aldeia nigeriana e na qual morreramm mais de 500 pessoas, na sua maioria mulheres e crianças.
Esta diferença na valorização que é dada ao valor da vida humana, em comparação entre a Europa e África, deveria merecer uma profunda meditação e servir até de ponto de partida para que se começassem a delinear medidas de segurança conjuntas capazes de garantir a defesa das indefesas populações potencialmente futuras vítimas do terrorismo.
Deixe um Comentário
Você deve logar para comentar