“Na corda bamba da vida me criei
Mas qual o negro não sonhou com liberdade?
Tantas vezes perdido, me encontrei
Do meu trapézio saltei num voo pra felicidade
Quando num breque, mambembe moleque
Beijo o picadeiro da ilusão”
Falar de Benjamim significa o filho da felicidade, o verdadeiro sorriso negro que traz alegria, espanta o mal , o que fizeram?E como foi difícil, manter o sorriso e fazer sorrir.
Benjamim de Oliveira, negro, criança ainda, quando a Lei Áurea (1888) imperava em território nacional, abandonou o lar aos 12 anos , Negro forro, sua alforria e de seus irmãos veio após nascerem. Seu pai, trabalhava buscando escravos fugitivos,capitão do mato como era tratado que deixavam o trabalho da fazenda para terem liberdade.
Com uma infância difícil, já tinha exercido diversas funções no circo como “madrinha de tropa”, carreiro, candeeiro, guarda-freio, comerciante, vendia bolo na entrada dos circos que passavam pelo Arraial em Pará de Minas, sua cidade natal.
Aprendeu a fazer acrobacias, a arte do trapézio e percebeu que o trabalho no circo vai muito além do espetáculo. Sua rotina diária incluía treinamento árduo e tarefas domésticas.
No lugar de gargalhadas, ouviu vaias. Resistiu e transformou-se no principal nome do circo brasileiro, sendo aclamado como o rei dos palhaços no Brasil.
Sua primeira apresentação, o público a rejeitou, pois não gostaram dele. Depois, trabalhou em outros circos passando por várias cidades, em especial no circo Caçamba no Rio de Janeiro onde o então presidente da república Marechal Floriano Peixoto estava presente.
Surpreso com a apresentação de Benjamin e com a ideia de Manuel Gomes dono do circo; o presidente transferiu o circo situado na favela para a frente do Palácio do Itamaraty, na Praça da República.
Mais tarde, ele foi trabalhar no circo do francês Jean François. Nesse momento ele conhece o também palhaço Afonso Spinelli. Juntos e montaram um grande circo com leões, ursos e sendo o melhor palhaço da época: Benjamin de Oliveira, todos queriam vê-lo.
Seu sucesso absoluto o levou ao cinema. Benjamin foi o primeiro ator negro a participar de um filme brasileiro. Ele viveu o protagonista Peri no filme Os Guaranis, de Antônio Leal.
O reconhecimento de Benjamim foi aumentando ao longo do tempo, e no início do século XX ele já era um artista renomado. Mas apesar do seu sucesso, a vida de Benjamim terminou praticamente na miséria.
Benjamin acabou falecendo em 30 de maio de 1954.
Sobre o autor: Denilson de Paula Costa, é especialista em história cultural, membro da academia militar e coautor do livro “Encontros com a história e a cultura africana e afro-brasileira”.
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