A representatividade do poder industrial em uma cidade. Hoje vou contar um pouco da cidade de Piquete, no estado de São Paulo. A pequena Vila, de economia predominantemente agrária, voltada para a produção do café, e um incipiente comércio de beira de estrada, entrou no século 20 com suas dificuldades e pobreza. Contava com pouco mais de seiscentas pessoas na área urbana distribuídas em cento e vinte casas, das quais apenas quarenta possuíam cobertura de telhas. A renda municipal de seis contos de réis anuais mal dava para pagar os empregados públicos indispensáveis, nada restando para as necessidades públicas.Em 1902 começa a transformação a escolha do município para que nele fosse instalada, pelo Exército, uma fábrica de pólvora sem fumaça. Esse fato transformou de maneira significativa a vida do município, veja bem, como o setor industrial movimenta uma essa pequena cidade. a Fábrica Getúlio Vargas,que gerou muitos empregos ,hoje com uma proporção menor.
Movimentava algumas cidades vizinhas como Lorena, Cachoeira Paulista, Cruzeiro e algumas cidades do sul de Minas Gerais .A relação entre industrialização e urbanização encontra-se no fato de que é o processo industrial que dinamiza as sociedades e atua no sentido de modernizá-las, embora esse não seja o único fator responsável por isso. Assim, ampliam-se os chamados fatores atrativos das cidades, ou seja, o conjunto de características do meio urbano que atrai os migrantes advindos do campo com o sonho , a ansia e o desejo de melhor qualidade de vida!A Fábrica foi inaugurada em 15 de março de 1909, no recém criado município de Piquete. A idéia de sua construção foi iniciativa do Ministro da Guerra (1898-1902) Marechal João Nepomuceno Medeiros Mallet, filho do Marechal Emílio Luiz Mallet, patrono da Artilharia do Exército.
Anteriormente, em 1898, o Ministro criou o Estado-Maior do Exército junto com a então Fábrica de Pólvora e Explosivos de Piquete, a primeira de pólvora sem fumaça na América do Sul, constituindo-se pontos de inflexão para a Reforma Militar do Exército (1898-1945). Tal Reforma elevou os baixos índices operacionais do Exército, de 1874-1887, aos elevados índices comprovados pela Força Expedicionária Brasileira durante a 2ª Guerra Mundial nos campos da Itália, onde ela fez muito boa figura, ao lutar em aliança com frações dos melhores exércitos do mundo presentes na Europa.
Falar dessa fábrica, é contar um pouco dos meus laços familiares, pois grande parte trabalhava nela, bem como de muitas famílias da redondeza, e minha avó contava várias histórias, de medo, em uma época de guerra.
Mas o grande legado sem dúvida foi a contribuição para a cidade, como cinema, mercado, escolas, clubes, times de futebol, hospital e principalmente o fortalecimento do comércio local e nas cidades vizinhas; não esquecendo o ramal de Piquete, em bitola métrica e originalmente chamado de E. F. Lorena-Benfica.
Quem viveu esse período não esquece , falava para todos os cantos “Piquetinho de meu Deus”, uma cidade maravilhosa, cativante em suas graças à sua posição privilegiada no sopé da Serra da Mantiqueira.
“Montanhas-Muralhas de picos alados,
Encostas e matas em muitas colinas,
Titãs que guarnecem, dos filhos amados,
Os bairros, aldeias e vilas meninas.”
Sobre o autor: Denilson de Paula Costa, é especialista em história cultural, membro da academia militar e coautor do livro “Encontros com a história e a cultura africana e afro-brasileira”.
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