Cantor, compositor, empreendedor, musico, fundador de GuiGuy Records e AGI e criador do 245 WEAR… Quem é Patche di Rima?
Patche di Rima é um artista guineense empreendedor que atua em varias áreas culturais, tais como; música, cinema, arte e ainda sobra tempo para trabalhos na área social. O maior representante da cultura do Guiné-Bissau desembarcou no Brasil para cumprir vários compromissos, entre eles, participar do maior evento da musica negra no Brasil o festival de musica “AFROPUNK 2023” que acontece domingo dia 19 de novembro em Salvador, no qual irá dividir o palco com o grupo brasileiro, “Baiana System”.
Patche di Rima ao lado do cineasta angolano, Aristides e do produtor de elenco brasileiro, William Lemos.
Patche di Rima conversou com o jornalista e produtor William Lemos.
WL – Tô aqui ao lado do Patche di Rima, ele vai participar do Festival Afropunk em Salvador, vamos falar um pouco sobre o trabalho dele e a participação dele no evento. Querido, conta um pouco pra nós sobre a sua participação no evento, como rolou esse convite, que dia você vai estar lá, tudo isso…
PR – Ahn… Isto começou através de uma parceria entre Marimba e Baiana System, Marimba é uma plataforma que ganhou um concurso para desenvolver a indústria criativa entre Guiné-Bissau, Angola, Moçambique e Timor, é financiado pela União Européia e gerido pelo Camões. Decidiram abrir horizontes a nível internacional, compreendemos que o Brasil tem uma dimensão muito grande em termos da indústria e da cultura, então fizemos a parceria junto com o “Baiana System” também trazendo um pouco da Guiné-Bissau, um pouco da África, uma África viável, imergente, acolhedora, no tudo, uma África cultural e musical.
WL – É a décima vez que você tá aqui no Brasil. Quanto tempo de carreira você tem e pode falar um pouco desse trabalho novo que você vai apresentar aqui?
PR – Bem, o que nós vamos apresentar no Afropunk é a junção da cultura guineense, fazer a mistura do nturudu que faz parte da Baiana juntamente com o palondepente, trazer a cultura da mandjuandadi, da convergência, é solidariedade, é o sentido de altruísmo, mas de uma forma de convergir, de partilha. Só há cinco anos é que eu comecei a produzir um conceito, por que o mandjuandadi é um conceito muito antigo na Guiné-Bissau, através da mandjuandadi todos os guineenses conseguem interagir, não há religião, não há idade, não há cor, não há nada. O que importa na mandjuandadi é a interação e no fundo, no fundo é a solidariedade. É essa solidariedade que eu vou trazer da Guiné-Bissau, levar para a Bahia e mostrar isso no Afropunk, o “Baiana System” se aliou ao conceito e nós agora estamos a gravar um documentário sobre o nturudu, fazemos também nturudu na Guiné-Bissau por que depois do carnaval do Brasil o segundo maior é o nosso, então nós temos privilégio disso, de trazer um mínimo do país, por que é importante trazer essa essência, mostrar que na África também há coisas bonitas para mostrar.
WL – Você tinha comentado comigo sobre essa questão da diferença entre as regiões da Guiné-Bissau, queremos saber de qual parte de lá você tá falando e se toda Guiné-Bissau faz esse trabalho que você falou agora.
PATI – É assim, na época colonial o crioulo era proibido, entretanto o que acontece, mandjuandadi faz parte da resistência cultura, uma forma de demonstrar aquilo que é nosso, foi uma luta constante como para os negros daqui também tem sido. Essa luta já vem de séculos , não é d’agora, é importante mostrar as pessoas que a nossa identidade, a nossa cultura, a nossa forma de estar, o nosso cotidiano, é nossa essência, é a nossa base, nosso tudo. Entretanto… a Guiné-Bissau fica situada na costa ocidental da África, concretamente na parte atlântica, fazemos fronteira com Senegal no norte e com Guiné Conacri na parte do sul, Guiné-Bissau é um país pequeno, mas cheio de diversidade, temos praticamente 34 ou 35 línguas de etnias, mas no fundo temos uma língua que nos une que é o crioulo, é a força da nossa união, o ponto do nosso encontro, é uma característica da nossa essência. EM crioulo conseguimos unir e assim também na mandjuandadi conseguimos encontrar o ser guineense dentro dela. Eu quero aproveitar esse momento, por que eu sou embaixador do turismo da Guiné-Bissau e trabalho diretamente com o governo, de questões de investimento, mas trabalho também com as Nações Unidas já a vinte anos, tenho sido musico que trabalha com o Unicef, com PBF e outros, meu contrato como consultor só acabou a um ano atrás e agora to com um contrato com a União Européia juntamente com o projeto Marimba como embaixador da Guiné-Bissau. Independe de estar na musica eu estou envolvido numa visão de empreendedor, tenho uma empresa de comunicação que é a Bissau Mega Group, sou dono do meu label, minha editora se chama Gigi Records, sou dono de uma agencia de imagem. Quando eu compreendi que na indústria musical não tenho que ceder, por que eu quero trazer minha alma, minha essência, então tenho que ter as minhas coisas sem depender de ninguém, por isso criei a minha estrutura e tive sorte de caminhar sozinho. Minha musica, em 2015, foi objeto de estudo em Belo Horizonte, na universidade federal em pós graduação e doutoramento, então eu tive o convite de ir e fazer a musicoterapia, explicar a minha trajetória, falar do meu país, tentar trazer africanidade dentro da universidade. Neste momento estou a trabalhar no mercado financeiro, fiz parte da Bienal Econômica da África, Ásia e Europa, faço parte também do Global África B & B, recentemente participei no Opportunities in Africa Summit, coordenei a parte de mídia, levar toda mídia lusófona para NY e tentar levar tudo que é investimento e potencial que a África tem em termos de recursos e catalisar toda essa força, mostrar o continente que eu represento e tem futuro.
WL – Então você é um homem de 1001 negócios.
PR – Eu aprendi assim por que vim do nada, que quando você quer algo tem que ir ao encontro, ninguém te dá nada de mão beijada, tudo carece de trabalho. O que eu aprendi no show business é que quem ocupa o espaço é aquele que é persistente, resiliente, visionário, aquele que trabalha de dia a dia, aquele que sabe esperar o seu momento, você não tem que atravessar ninguém, tem que esperar o seu momento, mas isso não te impede de interagir, de convergir, de partilhar, temos que ser mais altruístas nas nossas ações e, no fundo, sermos nós, isso é muito importante na arte. É encontrar um coração com vontade de fazer acontecer.
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