CINEMA
“Green Book”
Nos últimos anos iniciou-se uma onda entre artistas da classe cinematográfica internacional, principalmente nos Estados Unidos, de reinvidicar os direitos de espaço por parte da população artística negra nas obras produzidas. Essa onda positiva com a intenção de maior representatividade da comunidade negra, quase sempre ignorada, tem dado agora resultados ainda pequenos, porém marcantes como um início de equidade nas películas, quando nos referimos à historia e cultura dos negros .Uma consequencia dessa luta de espaço no cinema é um maior número de atores e diretores negros, de temas e de obras que refletem mais a cultura e dilemas raciais nas cerimônias do Oscar, a maior e mais conhecida premiação da sétima arte .
Um exemplo dessa necessidade de fugir do óbvio e dos esteriotipos é a indicação do filme “Green Book”. Talvez esse seja o concorrente mais representativo dessa necessidade de quebrar padrões sociais e raciais pre-instalados.
O roteiro de “Green Book” é uma obra prima que viaja por uma estrada (fazendo um paralelo com a história do próprio filme) complexa e profunda e que utiliza de um entrelaçamento entre dois personagens de universos distantes para ilustrar os dilemas e auto descobertas que envolvem os relacionamentos humanos.
O personagem mais marcante é brilhantemente interpretado pelo ator Mahershala Ali que com uma magnífica construção e domínio técnico cria um personagem que reside há muitos anos luz dos clichês sociais e raciais.
O filme todo tem como o principal intuito revelar que somos uma colcha de retalhos composta por milhões de fragmentos que nos transformam em algo muito mais rico e profundo de se entender do que a forma simplista como a maioria nos encherga e rotula.
“Green Book” ensina que pessoas não vem com manuais de instrução explicando que pertencer a tal raça não significa ter gostos, comportamentos e personalidades específicas. Abre uma discussão sobre até onde os limites culturais nos prendem em caixas, às vezes em algemas e correntes.
Além do trabalho primorso do roteirista e dos atores, a direção tambem surpreende fazendo com que os telespectadores sejam levados emocionalmente por uma longa é prazerosa jornada.
Um filme obrigatório para quem sofre em não se encaixar num padrão exigido por uma sociedade segregacionista e redutiva e/ou também para quem precisa entender que o outro não se enquadra em nossas pequenas caixas rasas de ver o mundo.
Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️ Excelente
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