Aurora
A primeira vez que Aurora ouviu a Princesa Africana não ligou para o aviso dela, achou uma imensa bobagem e, virando a esquina depois de ter roubado a calça jeans do marreteiro, deu de cara com o barrigão do guardinha. Por ter apenas onze anos, Aurora apanhou do policial, do delegado e da madrasta Lúcia. Já o pai entendia que a filha gostava de ser livre!
Obedecendo à princesa, telefonou para a polícia denunciando a madrasta Lúcia que, por ciúmes, tinha posto chumbinho na macarronada para matar todos. O pai ficou muito triste, mas em dois palitos trouxe para dentro a outra madrasta Maria das Dores, que tinha cheiro de lápis de cor. O pai e e a nova madrasta entendiam que Aurora gostava de ser livre.
Aurora com treze anos obedeceu à ordem da Princesa Africana de fazer a vida no Largo Treze. Ganhar uns trocados. Obrigação somente era: estar sempre limpinha, sorrir sempre depois de guardar o dinheiro e pensar, até saltar pelos olhos, em um imenso pavê de amendoim com leite condensado.
Princesa Africana consentiu que Aurora, com quinze anos, fosse com o Douglas, sem pagar, até o hotelzinho. Foi o dia em que ela ficou inundada de um imenso prazer e sem pensar no pavê. Casou com o moleque ali mesmo.
Princesa Africana só ficava vendo de longe: os roubos, Aurora ficar grávida, fugirem para São Miguel, voltarem com a bebezinha, frequentarem os atendimentos sociais, precisarem comprar fralda e fazerem sequestros em frente do Borba Gato.
Princesa Africana avisou que o tiro, trocado com os vigilantes do banco, seria fatal. Mas valia a pena. Sabia que o Douglas não sobreviveria e a madrasta Maria cuidaria da pequena Josi, homenagem à sua melhor amiga da vida toda!
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