O Presidente de Moçambique considerou hoje que não há motivo para importar alimentos que podem ser produzidos no país.
O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, considerou hoje que não há motivo para importar alimentos que podem ser produzidos no país e disse que vai incentivar o setor agrícola para reduzir a dependência do exterior e aumentar exportações.
“Nada deve vir de fora porque o país não produz. Aquilo que pode ser produzido em Moçambique tem de ser produzido em Moçambique”, enfatizou Filipe Nyusi em Lago, província de Niassa, na cerimónia de lançamento da campanha agrária 2015-2016 e na qual se espera um aumento de 15% na produção agrária.
Para o Presidente moçambicano, a importação de alimentos é um desperdício dos poucos recursos que o país dispõe e quando apenas 15% dos 35 milhões de hectares de terras aráveis são utilizados.
“Vamos promover a modernização de pequenos agricultores para eles aumentarem áreas de cultivo, aumentarem a produção e produtividade e temos de garantir também a comercialização dos seus produtos”, declarou.
Nyusi disse que o seu Governo pretende encorajar os agricultores a assumirem projetos de média e grande escala, para que saiam da agricultura de subsistência ou familiar.
O Governo moçambicano, prosseguiu, vai ainda “incentivar investimentos nacionais e estrangeiros diretos para a agricultura e agroprocessamento, de modo a aumentar os volumes das exportações”.
Para cumprir estes objetivos, o chefe de Estado pediu o envolvimento da banca e setor financeiro, que, “às vezes não confia em investimentos na agricultura, porque tem riscos, mas está provado em todo o mundo que é possível”.
Na quinta-feira, o Presidente moçambicano assumiu que a economia do país enfrenta uma conjuntura adversa, traduzida pela queda do metical, diminuição de divisas e investimento estrangeiro, e avisou que Moçambique está a consumir mais do que aquilo que produz.
“Em cada ano, o país regista maior saída de divisas do que entradas, ato que tem sido superado com recurso à ajuda externa e significa que estamos a consumir mais do que produzimos”, alertou Filipe Nyusi, discursando em Maputo na gala de aniversário do banco Millennium Bim.
O Presidente moçambicano lembrou que nos últimos anos o país tem sido atingido por cheias, o que “agrava o cenário estrutural de baixa produção e produtividade agrícola e pressiona a importação de bens de consumo e de capital”.
Reconhecendo que Moçambique “não fez muito em relação ao esforço da gestão da natureza em 40 anos”, Filipe Nyusi destacou que as importações tradicionais aumentaram 17% no primeiro semestre em comparação ao mesmo período do ano passado e que as exportações subiram apenas 0,5%.
“Esta realidade não nos deve colocar numa situação de desespero. Deve-nos desafiar como dirigentes, como país, como sistema financeiro de um país independente para elevar os indicadores para um desenvolvimento económico sustentável”, declarou.
Para Nyusi, o Governo tem “a obrigação de encontrar soluções e transformar esta conjuntura em grande oportunidade, resistir a medidas paliativas e implementar reformas estruturais do tecido produtivo”.
O moçambicano disse que “é hora de acordar do sonho infinito de simples vontades e começar a produzir de forma competitiva e multissetorial”, o que exigirá “uma nova atitude” dos agentes do Estado, do setor privado, sistema financeiro e sociedade em geral.
http://economico.sapo.pt/noticias/mocambique-nao-quer-importar-alimentos-produzidos-no-pais_233264.html
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