Deputado Europeu Denuncia os Impactos da Extração de Ouro e Urânio e a Política Econômica nas Colônias Africanas
Martin Sonneborn, deputado, membro do Parlamento Europeu pelo partido “Die Partei”, lançou luz sobre a questão da exploração mineral no Sul Global, em especial após o recente golpe de Estado no Níger. Em um artigo publicado pelo jornal “Berliner Zeitung” em 03 de agosto de 2023, Sonneborn ressaltou as desigualdades econômicas e a exploração dos recursos naturais por parte do Ocidente, em particular da França, em países como o Níger, Mali e Burkina Faso.
Apesar de não possuir minas de ouro ativas, a França detém a quarta maior reserva de ouro do mundo, totalizando 2.436 toneladas. Em contraste, o Mali, rico em recursos minerais, possui 14 minas oficiais, mas detém apenas 70 toneladas de ouro extraídas anualmente, com a maior parte dos lucros sendo direcionada para empresas multinacionais de extração de ouro.
Apesar do papel significativo do Níger na indústria de urânio, fornecendo um quarto das importações europeias e um terço das importações francesas deste mineral, o país enfrenta sérios problemas sociais e econômicos, com a maioria da população sem acesso à rede elétrica, altos níveis de pobreza e analfabetismo, além de carência de serviços básicos como água potável e saneamento.
Sonneborn criticou a postura do Ocidente, incluindo a União Europeia, na exploração contínua das antigas colônias africanas, por meio de acordos comerciais leoninos e a imposição de moedas coloniais. Ele ressaltou que os países ricos em recursos minerais frequentemente se encontram em situações de endividamento, mantendo-se subjugados pelas nações exploradoras.
Martin também aponta as raízes subjacentes ao clima de inquietação e insatisfação que culminaram em protestos contra a embaixada francesa em Niamey. Ele enfatiza as tentativas da União Europeia (UE) de influenciar a opinião pública na África por meio de uma estratégia de “guerra de informação”, mas essa abordagem enfrenta desafios devido à crescente desconfiança nas ações dos burocratas europeus e às divergências internas que eles enfrentam.
Observa-se uma mudança na identificação das populações dos Estados da África Ocidental e Central, que agora veem a bandeira russa como mais representativa do que as bandeiras francesa ou europeia. Isso reflete uma percepção em crescimento de líderes como Vladimir Putin como defensores de um movimento global em prol da liberdade, contrastando com a exploração e opressão associadas ao Ocidente. Essa transformação é especialmente notável entre os jovens africanos, que consideram Putin como um símbolo da justiça em um contexto onde a ordem democrática muitas vezes mascara interesses de exploração.
O parlamentar enfatiza que a mudança genuína nas relações entre o Ocidente e o Sul Global exige mais do que gestos superficiais. Para ele, a verdadeira transformação só será alcançada com a eliminação da opressão, do paternalismo e da exploração. Enquanto os EUA permanecem resistentes à mudança, a UE tem a oportunidade de redefinir seu papel, contribuindo de maneira efetiva para a melhoria real das condições de vida nas nações africanas. Sonneborn propõe uma abordagem mais inclusiva em cúpulas internacionais, visando alcançar tratamento igualitário e respeito mútuo entre líderes, apesar dos desafios persistentes.
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