Lélia González, natural de Bebedouro em Minas Gerais no ano de 1935, é uma importante figura na história do Brasil, reconhecida por seu pioneirismo como antropóloga, filósofa e intelectual negra. Sua atuação incisiva como defensora dos direitos da população negra contribuiu significativamente para a luta antirracismo e a promoção da equidade racial no país e continua inspirando gerações da população afro-brasileira.
A trajetória desta ativista caracterizou-se por sua incansável procura por justiça social e valorização da cultura negra. Lélia ingressou na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, atualmente a UFRJ, formando-se em Filosofia e Sociologia, e posteriormente concluindo um doutorado em Antropologia Social na Universidade de São Paulo (USP). Seus trabalhos acadêmicos e intelectuais destacaram-se por uma análise crítica das relações raciais no Brasil, conectando raça, gênero e classe social.
Lélia Gonzalez também co-fundou o Movimento Negro Unificado (MNU) em 1978, uma das principais organizações de ativismo negro no Brasil. Teve um papel fundamental na luta por equidade e direitos, denunciando o racismo estrutural e promovendo a cultura e identidade afro-brasileira. Seu ativismo baseava-se na ideia de que a luta contra o racismo estava intrinsecamente ligada à luta contra a opressão de gênero e pela justiça social.
Autora prolífica, escreveu artigos e livros que abordavam questões raciais e de gênero no Brasil. Sua obra “Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira” é um dos textos mais influentes no estudo das relações raciais e de gênero no país, no qual argumentava que o racismo e o sexismo estavam interligados e eram manifestações de poder que oprimiam as mulheres negras de maneira única. Ela desafiou estereótipos prejudiciais e promoveu uma visão mais inclusiva da identidade negra brasileira.
A intelectual representou o Brasil em diversos eventos internacionais, abordando a exploração e opressão sofridas por negros e mulheres, .criando o termo “amefricanidade” para definir a experiência comum dos negros nas Américas. Lélia ressaltava que o termo “América Latina” foi cunhado por Napoleão para justificar pretensões imperiais, destacando origens latinas ao invés dos elementos africanos e indígenas, que na visão dela eram mais preponderantes na formação do continente americano e a importância desses povos na história e cultura das Américas.
Lélia González também contribuiu fortemente com o Instituto de Pesquisa das Culturas Negras (IPCN) e o Nzinga: Coletivo de Mulheres Negras. Sua influência foi tão grande que a filósofa, ativista e intelectual estadunidense Angela Davis, em uma palestra em São Paulo, questionou: “por que vocês precisam buscar uma referência nos Estados Unidos? Eu aprendo mais com Lélia Gonzalez do que vocês comigo”.
Faleceu em 1994, mas seu legado continua a inspirar ativistas, acadêmicos e pessoas de todas as origens. Sua coragem, determinação e paixão pela justiça social a tornaram uma figura emblemática na luta pela igualdade racial no Brasil. O trabalho de Lélia González ressoa até hoje, lembrando-nos da necessidade contínua de combater o racismo e de celebrar a riqueza da cultura afrodescendente, pavimentando o caminho em direção a um Brasil mais inclusivo e igualitário.
Fontes: Wikipedia, Inconsciente Real, EBiografia, Gov.br, UFMG, Ipea
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