O Conselho Nacional de Mulheres Negras, criado em 18 de maio de 1950, no Rio de Janeiro, desempenhou um papel fundamental na luta antirracista e de gênero no Brasil. Desde então, direcionou os esforços das mulheres negras em busca de igualdade, destacando questões como os direitos das empregadas domésticas, categoria majoritariamente composta por mulheres negras e contribuiu para o desenvolvimento do feminismo negro no país (em meados de 1970) , representando uma voz de resistência contra o racismo e o machismo, promovendo a igualdade racial e de gênero.
Lia Vainer Machado, em seu artigo “Mulheres negras e movimentos políticos: identidades e representações”, destacou a importância do Conselho na mobilização e empoderamento das mulheres negras, bem como sua atuação na articulação e promoção de políticas públicas para combater as desigualdades raciais e de gênero, enfrentando as múltiplas formas de discriminação e violência enfrentadas por essa parcela da população.
A interseccionalidade entre as opressões raciais e de gênero é enfatizada por Lélia Gonzalez em sua obra “Racismo e sexismo na cultura brasileira”, onde ressalta que a discriminação racial no Brasil está intrinsecamente ligada à violência de gênero, sendo fundamental compreender essa conexão para uma atuação mais abrangente e efetiva na luta antirracista.
O Conselho Nacional de Mulheres Negras trouxe visibilidade e voz às mulheres que estavam excluídas do processo democrático devido ao seu gênero. No entanto, apesar da existência do Conselho, as mulheres negras ainda enfrentavam restrições em sua participação nos movimentos sociais da época, e suas necessidades específicas não eram adequadamente tratadas nos movimentos negros e feministas. Isso destaca a importância de um olhar inclusivo que considere as experiências e particularidades das mulheres negras na luta pela igualdade.
O legado histórico do Conselho Nacional de Mulheres Negras continua a inspirar outros movimentos sociais que lutam pelos direitos das mulheres negras, ainda marginalizadas em nossa sociedade. Angela Davis, em seu livro “Mulheres, raça e classe”, destacou a importância de ser antirracista e da solidariedade entre as mulheres na luta contra o racismo e o machismo, pois a mobilização e o empoderamento das mulheres negras são fundamentais para promover o diálogo, a conscientização e a construção de redes de solidariedade.
Angela segue em sua narrativa dizendo que “não basta ser não racista, é preciso ser antirracista”. Portanto, o Conselho Nacional de Mulheres Negras, ao fortalecer a voz da resistência, desempenhou um papel basilar e ativo na defesa dos direitos das mulheres negras, deixando seu legado para a construção de uma sociedade mais igualitária e justa, onde todas as mulheres tenham seus direitos garantidos e reconhecidos.
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