Tomaz Salomão diz que as equipas técnicas do governo moçambicano e do FMI vão definir o tipo e o volume de dívida em que o país incorreu.
O ex-ministro das Finanças moçambicano Tomaz Salomão considera que o Fundo Monetário Internacional (FMI) demonstra vontade de trabalhar com as autoridades moçambicanas para o esclarecimento de dívidas escondidas, realçando ser uma questão de soberania a compra de equipamento de defesa.
“Existe sim, uma vontade de trabalhar com Moçambique, com base em informações consentâneas, informações corretas, que eventualmente o FMI possa ter e na sequência dessa troca de informação, o Governo vai confirmar se essa informação que foi prestada é real ou se a informação não é real”, afirmou Salomão, que ocupou a pasta das Finanças entre 1994 e 2005.
Membro da equipa do Governo moçambicano que negociou com as instituições financeiras internacionais o maior perdão de dívida que o país já teve, Salomão afirmou que as equipas técnicas do executivo de Maputo e do FMI vão definir o tipo e o volume da dívida em que o país incorreu.
“Todos falamos de dívida, qualificamos a dívida, mas vamos a precisar, e os técnicos hão de ajudar a dizer isto, se é dívida resultante dos esforços que o país faz de proteger a sua costa, nós compramos camiões militares, helicópteros, barcos para proteção da costa, os Estados são soberanos para tomar este tipo de decisões e de se protegerem, não há nada de anormal, nem há nada de extraordinário”, enfatizou Tomaz Salomão.
O primeiro-ministro moçambicano reconheceu na terça-feira à noite que o FMI não tinha sido informado sobre um valor superior a bilhões de dólares da dívida externa de Moçambique, uma atitude que o organismo considerou um “primeiro passo importante”.
Carlos Agostinho do Rosário reuniu-se com a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, na terça-feira, em Washington. “O primeiro-ministro de Moçambique reconheceu que um montante superior a mil milhões de dólares de sua dívida externa garantida pelo Governo não havia sido anteriormente divulgado ao Fundo”, informou o FMI, numa nota enviada à agência Lusa. Segundo o Fundo, Christine Lagarde recebeu a divulgação destas informações por parte das autoridades moçambicanas como um “primeiro passo importante”.
Moçambique vai fornecer mais informações e documentação de apoio ao longo dos próximos dias para que se poderem “apurar os factos e permitir que o Fundo efetue uma avaliação completa”, destacou o FMI.
“O Fundo e Moçambique vão trabalhar juntos de forma construtiva para avaliar as implicações macroeconômicas dessas informações e identificar passos para restaurar a confiança”, lê-se ainda na nota enviada à Lusa.
O FMI cancelou na sexta-feira uma missão prevista para esta semana a Moçambique na sequência da descoberta de dívidas escondidas, tendo sido igualmente veiculada a suspensão de uma parcela de 155 milhões de dólares no âmbito de um empréstimo ao país.
Segundo informações veiculadas pela imprensa internacional, o dinheiro resultante das dívidas que Maputo não declarou destinou-se à compra de equipamento de defesa marítima, através da empresa Proindicus, participada pelo Estado.
https://www.dinheirovivo.pt/economia/fmi-tem-vontade-de-trabalhar-com-mocambique/
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