Eduardo de Oliveira:
“Desterro”
Para dizer-me negro eu não preciso
de dizer que sou negro, a toda hora
basta olhar em meu rosto, aqui e agora,
para ver que não estou num paraíso,
Dizem que eu sou um homem sem juízo
sou alguém que pragueja enquanto chora
Sou alguém que esbordoa, que apavora…
e a todos desfio num sorriso.
Agora, como alguém que morre à míngua
sem ter, aqui, jamais, seu próprio lar
nem de entender-se em sua própria língua.
vivo e padeço como um desterrado,
como um negro que nunca pode amar
porque, no mundo, nunca fora amado.
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