Há exatamente 17 anos atrás a instituição de ensino UERJ foi a primeira a adquirir o sistema de cotas no Brasil, sistema esse que consiste em ajudar cidadãos que são pardos, pretos, indígenas e também cidadãos que estudaram em escolas públicas. O sistema tem como principal intuito igualar a sociedade levando em consideração que o racismo e a exclusão de alguns povos prejudica mais da metade da população.
Visto que biologicamente todos os seres humanos são iguais independente de sua raça, a cota racial é uma pauta que causa bastante debate entre os excluídos e não excluídos.
A maior questão é que após a abolição da escravatura houve uma taxa de desemprego e falta de estudo de 90% entre o povo preto portanto o estado adotou esse método também como dívida histórica.
Ainda que precise de alguns ajustes, muitos conseguiram diploma com o auxílio das cotas raciais. A reflexão que devem fazer é: mesmo que o sistema beneficie os prejudicados, no nosso país há quem não tem condições ao menos de se matricular em uma escola de aprendizagem básica, por muitas vezes o modo de viver dessas pessoas é frustrantemente precário e talvez o melhor método de “pagar” essa dívida seja inicialmente dando condições de vida e estudos a elas antes de chegarem na universidade.
Pessoas pretas por tempos estavam sendo duramente impedidas de serem um bom profissional enquanto privilegiados já estavam ingressados no ensino escolar, não significa inferioridade ou falta de sabedoria e sim falta de oportunidade de se tornar, se igualar ou ultrapassar a quem nunca sofreu por questões raciais.
É impossível incluir a meritocracia justa sem ter igualdade de oportunidade, condições básicas de vida e bons ensinos escolares antecedentes a faculdade.
No Brasil a Unb constatou que desde o ano de 2004 até o ano de 2018, 7.648 negros e pardos ingressaram na faculdade. Após a aprovação da lei de cotas a porcentagem de negros e pardos na sala de aula aumentou até quatro vezes.
O acréscimo desse sistema foi considerado um ato histórico pois surgiram vários relatos de pessoas que foram as primeiras na família a realizarem uma faculdade por conta do auxílio da cota racial. Antigamente nas salas de aulas eram vistos de 1 á 4 negros entre 40/60 alunos, atualmente esse número cresceu de forma gradativa visando até 10/15 negros.
“A primeira turma visualmente tinha poucas pessoas negras. A gente ficava diluído ali preocupado com as exigências do espaço universitário. O que mais chamava atenção era o assédio da mídia, muita gente abordava para dar entrevista. Depois, em um segundo momento, muitos pesquisadores estavam desenvolvendo análises sobre a política. A gente sabia que tinha uma dinâmica muito forte acontecendo e foi amadurecendo.” “POR MAIS QUE NOSSA PRESENÇA AINDA SEJA DIMINUTA NO ESPAÇO ACADÊMICO, É EMOCIONANTE VER MUITO MAIS CORES E FORMAS, CORPOS, ESTÉTICAS, SÍMBOLOS E CULTURAS DIVERSOS. Diz a mestranda negra Natália Machado em uma entrevista para a Agência Brasil Brasília.
O IBGE indica que a população branca ocupa pouco mais que 22% nas faculdades, isso significa quase mais da metade dos alunos presentes.
Especialistas afirmam que esse sistema agregou de certa forma para o sucesso da população preta mas que ainda o porcentual dessa população nas universidades pode crescer mais.
A falta de informação e interesse faz com que esse sistema implantado não seja tão valorizado o quanto deve,embora 50,3% da população tenha direitos sobre esse método. Também economicamente falando, no capitalismo sistemas que incluem descontos e ” fáceis” acessos, para alguns governantes ou governos não é benéfico, embora tenha ocorrido um aumento de alunos por conta da inclusão dos cotistas. A economia em relação a isso causa divergências por parte dos governantes: vale ter mais alunos pagando menos ou pouco alunos pagando bem mais ?
Aos poucos e silenciosamente essa dívida histórica chamada costas raciais foi se tornando uma revolução na sociedade, oferecendo mais benefícios doque malefícios.
E como será na próxima década ? conseguirão alcançar ou ultrapassar a meta da cota de negros dentro das universidades ?
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