No anonimato estas pessoas lidam com o desamparo dos colegas e contratantes.
No contexto atual, em que as discussões sobre racismo têm ganhado cada vez mais espaço na sociedade, é importante refletir sobre as inúmeras pessoas que enfrentam diariamente situações de discriminação racial e assédio no ambiente de trabalho, mas que não recebem a mesma notoriedade e comoção que casos emblemáticos. Recentemente, o jogador de futebol Vinicius Jr. foi vítima de racismo, o que despertou a atenção do público e da mídia para essa triste realidade. É importante destacar que os episódios de racismo contra ele são recorrentes, inclusive, antes de um jogo contra o Atlético, torcedores penduraram um boneco enforcado com a camisa de Vini Jr em uma ponte
Esses episódios revelam a existência de um problema estrutural que ainda precisa ser enfrentado. No entanto, é importante ressaltar que a visibilidade do combate ao racismo é amplificada pela mídia quando ocorre com pessoas que estão em destaque, como Vinicius Jr., evidenciando a urgência de combater todas as formas de discriminação racial na sociedade.
É essencial também direcionar o olhar para as vítimas anônimas do racismo e do assédio no ambiente de trabalho, como uma trabalhadora que não quis se identificar. Ela compartilhou sua experiência de retaliações e humilhações por parte de seu chefe, evidenciando a violência emocional e física que enfrentou diariamente. Além do racismo sofrido no dia 06 de abril do ano de 2023, a funcionária do Assaí, razão social Hipermercado Sendas, ainda foi vítima de assédio no local de trabalho, sofrendo com a degradação de sua dignidade humana e trabalhista.
É preocupante constatar que casos como estes são recorrentes, mas muitas vezes silenciados e invisibilizados. As vítimas anônimas do racismo e do assédio enfrentam uma luta solitária, sem o respaldo midiático ou a comoção pública que casos de maior visibilidade recebem. É necessário dar voz a essas pessoas, ouvir suas histórias e promover a conscientização sobre a urgência de combater todas as formas de discriminação, independentemente do status social ou profissional das vítimas.
Esta denúncia está registrada em boletim de ocorrência e formalizada nos órgãos competentes, também foi feita a reclamação trabalhista e a queixa-crime, estes são passos importantes na busca por justiça e pela garantia de seus direitos. Embora, a vítima tenha relato o ocorrido a todos da empresa, inclusive ao RH, e tenha feita a rescisão indireta, portanto não irá trabalhar desde do dia 11 do mês de maio, a empresa envia mensagens contínuas via telegrama ameaçando a funcionária, sob o argumento de abandono de emprego. O hipermercado Assaí também segue na utilização da imagem da vítima em suas ações de marketing, anteriormente ela fez parte de um projeto onde foi desenvolvida uma cartilha de diversidade.
Em carta de próprio punho ela relata que:
“Sofro há tempos retaliações por parte do meu chefe, com gritos ao meu nome em público, com olhares de menosprezo, falas ignoradas, imputação de trabalho pesado com cobranças de agilidade, denotando incapacidade. Nesses últimos 08 meses tento seguir calada, mesmo assim as humilhações aumentaram, cheguei a fazer denúncia anônima por medo de mais retaliação, segui trabalhando por necessidade, mas no dia 15/04 após fazer todos os processos da quebra dos produtos de perecíveis e limpeza ele, meu chefe, me colocou para um trabalho pesado de separação de produtos, carnes linguiças de uma determinada marca, este procedimento geralmente é realizado por duas pessoas e não por uma, devido ao risco da contaminação.
No dia 16/04 /23 acordei muito indisposta, mas fui trabalhar. Logo que entrei o meu chefe, como é recorrente, começou a gritar o meu nome em público cobrando agilidade causando constrangimento de forma que me senti humilhada. No dia 17/04/23 acordei vomitando com muita náusea, mandei mensagem para o mesmo chefe e fui outra vez totalmente ignorada, apaguei as mensagens e enviei para outro líder que me respondeu imediatamente me tranquilizando desejando melhoras, então fui ao médico acompanhada do meu marido e o médico me afastou, por 2 dias, pois estava fraca devido à desidratação.
No dia 20/04/23 retornei ao trabalho, ainda em tratamento, cheguei às 6 horas, porém se quer recebi um bom dia, até que encontrei o sub-gerente, contei tudo o que vinha sofrendo. Inclusive, um fato de racismo de forma violenta sofrido pela chefia na mesa do café da manhã no refeitório há uns 15 dias mais ou menos onde estava eu e outros funcionários e o mesmo chefe chegou, sentou-se em minha frente e conversou com outro colega que mostrou uma tatuagem feita com a figura de um gorila, o meu chefe reagiu dizendo: “caralho veado você tatuou a XXX no braço?”… Na mesma hora uma outra pessoa chamou a atenção dele dizendo “Fulano, Fulano, Fulano” ele e o colega riram, depois o meu chefe disse “estou brincando” calando a todos.
Como já tinha relatado, ele levou ao conhecimento da chefe de RH que pediu para outra pessoa me chamar no setor e explicar os fatos e fiz no mesmo dia, sendo ignorada ainda mais por meu chefe. No dia 21 feriado entrei no horário de costume e todas as minhas funções tinham sido tiradas e delegadas para outras colaboradoras no grupo interno do setor de perecíveis me causando constrangimento, mesmo assim fui para loja sendo ignorada pela equipe sem nenhuma função onde o mesmo chefe reuniu todos, menos eu. Por isso, resolvi tomar café já que este tratamento estava me causando mal-estar psicológico, quando voltei do café continuei sendo ignorada com olhares de menosprezo por todos, fiquei mais ainda abalada, comecei a ter náuseas, entreguei o meu rub e fui até o RH da empresa, pedi para ir ao médico, o médico me avaliou e atestou mais aquele dia… Diante de todos os fatos citados por mim resolvi fazer um boletim de ocorrência, pois temi pela minha vida, não sei se diante de todos esses detalhes qual seria a reação do meu chefe e também formalizei uma denúncia no ministério do trabalho, no ministério público, formalizando a denúncia também na ouvidoria da empresa na tentativa de uma resposta, pois minha dignidade humana e trabalhista foram brutalmente violadas”.
Caso você seja vítima de denúncias de racismo existem alguns canais de denúncia:
Pode ligar para o 190 e chamar a Policia Militar no momento do crime.
SOS RACISMO DISQUE DENÚNCIA: 0800 77 25 377
Disque Direitos Humanos – Disque 100.
Os moradores de São Paulo podem registrar queixas pela central 156 e pelo site da Secretaria da Justiça e Cidadania. É possível fazer queixas também pelo site da Safernet
Deixe um Comentário
Você deve logar para comentar