REESTREIA COM TEMPORADA GRATUITA
Em entrevista ao Portal Afro, o diretor, dramaturgo e compositor da peça Bertoleza para a Gargarejo Cia Teatral, Anderson Claudir, conta como se deu o processo de criação da obra musical que conquistou plateias pelo Brasil, sendo um dos grandes destaques do teatro brasileiro contemporâneo.
Anderson explicou que a companhia tem como prática a adaptação de obras literárias e, ao adaptar a história original de Aluísio Azevedo, “O cortiço”, a equipe se sentiu desafiada a não abordar a obra em sua totalidade, mas a focar em Bertoleza.
O processo de criação da peça contou com a participação de uma equipe talentosa, composta majoritariamente por profissionais negros, liderados pelo diretor Anderson Claudir.
Durante o processo criativo de Bertoleza, a companhia buscou inspiração na força de outras mulheres negras brasileiras que foram negligenciadas e apagadas da História, como a escritora Carolina Maria de Jesus, autora de “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”; a guerreira Dandara, que lutou durante o período colonial; a jornalista e professora Antonieta de Barros, defensora da emancipação feminina; e a escritora Maria Firmina dos Reis, considerada a primeira romancista brasileira. Ao perceberem que a protagonista Bertoleza, uma mulher negra e escravizada, que se relaciona com o ambicioso e oportunista João Romão, enfrenta as consequências e luta para manter a dignidade e a liberdade em um ambiente hostil, marcado pelo racismo e pela exploração, a equipe decidiu dar voz e vez a essa personagem. Eles perceberam que inverter o protagonismo da obra seria mais interessante e apropriado.
Assim, fez-se uma releitura adaptada aos tempos modernos, discutindo a luta feminina, a representatividade negra e histórias de mulheres negras que resistiram e enfrentaram a opressão no período pós-abolição no Brasil. A peça se torna um manifesto importante de resistência e empoderamento feminino, pois aborda questões urgentes da sociedade brasileira contemporânea, como a luta das mulheres negras por dignidade e reconhecimento em suas vidas.
Um fato curioso: quando Anderson começou a compor para Bertoleza, adaptar a história e a escrever as músicas, não tinha em mente colocá-las em cena, mas sim usá-las para trabalhar em sala de ensaio, para ambientar, dar o clima necessário aos atores, mas estes começaram a sugerir que as músicas fizessem parte da peça e, quando viram, a peça se tornou um musical.
A direção musical se destaca na peça e é assinada por Eric Jorge, que misturou ritmos brasileiros com elementos do jazz e do blues para criar uma trilha sonora emocionante e envolvente. Atenção especial a uma das canções queridas pelo diretor musical nesta peça,o hino “Salve Pátria do Progresso”.
Terminando a entrevista com chave de ouro, Anderson enfatiza a relevância da empatia que habita em cada um de nós e manifesta o desejo de ver a peça alcançar projeção internacional. Ele nos convida a apreciar Bertoleza, que tem sido elogiada pela imprensa e pelo público por abordar de maneira impactante e emocionante um tema tão significativo para a história e a identidade do Brasil.
SERVIÇO
Bertoleza, da Gargarejo Cia Teatral
Teatro Arthur Azevedo – Avenida Paes de Barros, 955 – Mooca
Temporada: 29 de junho a 9 de julho, de quinta a sábado, às 21h, e, aos domingos, às 19h
Ingresso: gratuito | Retirada na bilheteria com 1 hora de antecedência
Duração: 90 minutos
Recomendação etária: 12 anos
Acessibilidade: o espaço possui acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida | Todas as sessões aos domingos têm intérpretes de Libras.
Siga o grupo nas redes sociais: Facebook @gargarejociateatral e Instagram @gargarejocia
FICHA TÉCNICA
Direção, adaptação, letras e assistência de produção: Anderson Claudir
Dramaturgia final: Anderson Claudir e Letícia Conde
Direção musical: Eric Jorge
Direção de movimento e coreografia: Emílio Rogê
Músicas: Anderson Claudir, Andréia Manczyk, Eric Jorge e Juliana Manczyk
Preparação vocal: Juliana Manczyk
Designer de som: Sound Design Labsom
Preparador de elenco: Eduardo Silva
Coreógrafa associada: Taciana Bastos
Cenografia e figurino: Dani Oliveira
Assistente de cenografia e figurino: Gabriela Moreira
Visagista: Victor Paula
Iluminação: Andressa Pacheco
Projeção: Aline Almeida
Técnico de palco: Leonardo Barbosa
Elenco: Lu Campos, Ali Baraúna, Taciana Bastos, Roma Oliveira, Cainã Naira, Larissa Noel, Palomaris, Edson Teles, Thiago Mota e Welton Santos
Direção de produção: Andréia Manczyk
Assessoria de imprensa: Agência Fática – Bruno Motta Mello e Verô Domingues
ATIVIDADES PARALELAS
Palestra “O processo de adaptação” – 29/6 e 6/7, às quintas, após o espetáculo
O diretor e dramaturgo do espetáculo Anderson Claudir aborda como se deu o processo de composição das músicas e adaptação da obra “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo.
Palestra “As mulheres de Bertoleza” – 30/6,1º/7 e 2/7, após o espetáculo
O elenco feminino irá conversar com o público sobre as suas personagens e as personalidades discutidas na peça: Antonieta de Barros, Carolina Maria de Jesus, Maria Firmino dos Reis e Marielle Franco.
Rodas de conversa – 7/7, 8/7 e 9/7, após o espetáculo
O diretor e dramaturgo do espetáculo Anderson Claudir, junto ao elenco, irá promover uma conversa sobre a montagem. E o público será convidado a fazer questões sobre o processo e a obra.
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