“Um dia na Colorado do Brás e Samba Cênico ”
Nas redes sociais e em alguns espaços de diálogo vimos como tema, nesse carnaval do ano de 2019, uma propensão à críticas do destino das verbas publicas às escolas de samba ou aos blocos carnavalescos. Esse tipo de crítica reflete o tempo sombrio no qual vivemos, onde os políticos de extrema direita e que flertam com o fascismo e com religiões ultra conservadoras estão no poder . Uma característica do fascismo e do conservadorismo é desvalorizar e vilanizar os artistas e a cultura em geral, alimentando preconceitos contra minorias e raças.
Contrariando a onda conservadora o papel dos artistas é ir a favor da liberdade de expressão e da reflexão sobre a forma de se viver. O carnaval em especial é uma Arte que espelha de forma libertária e amplia a voz e cultura dos excluídos,talvez por ser feita pelos mesmos, sendo assim, nada mais normal do que os dominadores, ricos e brancos, perseguirem essa Arte popular.
Desde 2018 desfilo em escolas de samba, sendo primeiramente como comissão de frente e esse ano participando da tradicional e conhecida ala teatralizada “Samba Cênico” (coordenada por Regis Santos e que comemora 10 anos nas avenidas criando Arte diferenciada dentro das escolas de samba). Observei tudo de dentro de uma das escolas de samba de São Paulo: a recente subida ao grupo especial “ Colorado do Brás” que esse ano veio defendendo um enredo que colocava em foco o povo negro.
De dentro do carnaval, conseguimos enchergar com profunda clareza a relevância de um evento cultural de alcance mundial que traz ao meainstream a importância da música negra, dos temas culturais negros, das personalidades e história da raça negra.
Encontramos dentro de uma escola de samba uma equipe de artistas e idealizadores negros num número que não se encontra em nenhum outro setore da sociedade, todos devidamente valorizados, festejados e respeitados.
A relevância da manutenção dessas escolas e de grupos como o “Samba Cênico” são de importância nacional e mundial num tempo onde as forças do preconceito e da intolerância contra a igualdade e esperança ainda andam de mãos dadas.
Mesmo contra os poderosos segregadores, donos do poder e da fortuna, nós da raça e arte negra, a população das comunidades, os moradores de periferia, os artistas desconhecidos em favor de uma sociedade mais igualitária e cultural lutaremos até o fim pela continuidade das festividades e trabalhos carnavalescos que nos valorizam e nos dão nomes na história.
6 de março de 2019 at 23:45
Apollo Faria, diante de tal reflexão, parabenizo-o pela sua coragem e visão esclarecida, em que motra o valor cultural que tem esta festa mundialmente aplaudida, onde aqueles que se acham minoria, na verdade são uma maioria poderosíssima e que da mesma forma que se unem para que este belíssimo espetaculo aconteça, tem o mesmo poder para lutar e desbancar esta estrutura opressora que se instalo em nossa sociedade, em que segregam e fazem as massas desacreditarem do poder que está mesma massa tem nas mãos.
6 de março de 2019 at 21:25
Quanta coragem em abordar este tema por outro ângulo (sem prender-se ao politicamente correto). Diante tantas e por vezes constantes críticas ao carnaval, visto por muitos apenas como “a festa da carne” com corpos a mostra, sua sensibilidade nos faz refletir que a avenida é o palco mais democrático que existe. Espaço para as minorias (ou pelo menos para aqueles que pensam ser minorias, mas nao se atentaram para a multidão silenciada que são)
terem voz e conseguirem conscientizar os menos atentos que todos merecem espaço e respeito.
Parabéns!!!