“Hoje é o Dia de Santo Reis, anda meio esquecido, mas é dia da festa de Santo Reis”, assim cantava Tim Maia, a música Festa do Santo Reis, de Marcio Leonardo, para lembrar da manifestação cultural que acontece em 6 de janeiro. A segunda parte da canção fala: “Eles chegam tocando, sanfona e violão. Os pandeiros de fita, carregam sempre na mão”.
A festa relembra os três Reis Magos, Gaspar, Melchior e Baltazar, que viram a estrela de Belém no céu e foram ao encontro de Jesus, que acabara de nascer. Em cada região do Brasil é comemorado de modo particular. Principalmente no interior do País acontecem os chamados Reisados ou Folias de Reis, festa folclórica que adota formas e expressões locais na música, na dança e nas orações. Essa festa é uma manifestação cultural ligada ao Natal, comemorada desde o século XIX.
Uma das festas culturais mais ricas do folclore brasileiro acontece quando as chamadas “companhias” vão de casa em casa e entoam diversas canções e rezas em homenagem aos três viajantes santificados. Os versos e músicas são acompanhados de violas, violões, sanfonas, pandeiros, triângulos, caixas e instrumentos de corda. A Folia reverencia a bandeira, que é o símbolo da folia. Decorada com figuras que relembram o menino Jesus, feita geralmente de tecido, é enfeitada com fitas e flores de plástico, tecido ou papel, sempre costuradas ou presas com alfinete.
Aqueles que recebem a visita do Reisado em suas casas, que representa a visita dos Reis Magos a Jesus, oferecem alguma comida a seus integrantes, que agradecem ao hospedeiro e seguem para o próximo destino. Outra tradição é no Dia de Reis desfazer as decorações natalinas, guardar os enfeites e desmontar os presépios.
Com o tempo, alguns ritmos e cantos africanos foram mesclados aos cânticos portugueses, o que faz com que, região de barões e escravos do tempo do café, a Folia de Reis seja uma festividade bastante popular. Além da dança, o palhaço declama versos, tentando estabelecer um diálogo jocoso (provocando risos, trazendo alegria) com o morador, na maioria das vezes como uma forma de persuadi-lo, para que este lhe atenda um pedido (geralmente dinheiro, comida ou bebida).
No que tange às funções e restrições do palhaço, ao longo da jornada, este está impedido de passar à frente da bandeira, que geralmente fica oculta sob um véu ou pelas fitas, permanecendo sempre atrás e escoltando-a, semelhante ao movimento realizado pelos mestres-salas das escolas de samba.
Assim podemos observar que cultura popular faz o indivíduo se sentir como parte do bem cultural, promovendo, assim, preservação e valorização; o que é o maior desafio na sociedade contemporânea: desenvolver nas futuras gerações a consciência da preservação do bem cultural como forma de preservá-lo. Daí a importância de se trabalhar nas instituições escolares a metodologia da educação patrimonial, promovendo a interação com todas as manifestações culturais e sociais existentes.
Sobre o autor: Denilson de Paula Costa, é especialista em história cultural, membro da academia militar e coautor do livro “Encontros com a história e a cultura africana e afro-brasileira”.
Deixe um Comentário
Você deve logar para comentar