Ela se define como uma ‘mulher preta e da periferia’. Aos 36 anos, a jovem secretária municipal de cultura da maior cidade brasileira, tem uma trajetória exemplar: formada em Relações Públicas, ela também é pós-graduada em Gestão Cultural pela USP (Universidade de São Paulo) e já realizou projetos premiados na TV Cultura.
Aline também esteve à frente do CCJ (Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso), espaço situado na Vila Nova Cachoeirinha, bairro periférico da zona norte da capital. Aliás, ela é natural de Pirituba, bairro situado entre as zonas oeste e norte da cidade. Como neta de escravizados e sabedora das dificuldades impostas às pessoas pretas e periféricas desde sempre, Aline tem atuado para incluir a periferia em todas as pautas culturais da capital.
Um dos seus feitos recentes foi realizar a Virada Cultural 2022 também na periferia, pois antes os shows eram realizados somente nas áreas centrais. Nesta última edição, 41 bairros receberam os shows gratuitos da virada. Para além disso, ela tem estimulado projetos focados na educação e capacitação dos jovens moradores da periferia paulistana.
Uma dessas iniciativas é a Rede Daora que busca profissionalizar jovens que queiram trabalhar em áreas como produção musical, mixagem de som, produção de conteúdo, design, moda entre outras. Além disso, a secretária busca valorizar a ancestralidade negra através de iniciativas como a que inaugurou estátuas de ilustres personalidades pretas em locais estratégicos da capital.
Entre estas ‘figuras’ ilustras estão, por exemplo, o músico Itamar Assumpção; o sambista Geraldo Filme e a escritora Carolina Maria de Jesus. Entre as muitas iniciativas, Aline também alterou, através de um decreto, pontos do Pro-Mac (lei de incentivo municipal a cultura) com a intenção de efetivar a participação de pessoas que moram na periferia nos projetos. Consciente das muitas possibilidades de inclusão social que sua atuação tem proporcionado para o povo preto da capital paulista, Aline não perde tempo porque sabe que há muito a fazer em prol dos periféricos e periféricas.
Na entrevista a seguir, Aline revela ao Portal Afro, com exclusividade, outras informações sobre sua trajetória. Para além da área cultural, matéria prima de todo seu trabalho, ela também fala sobre ancestralidade, sobre o continente africano e sobre sua origem periférica. Questões como gestão pública e gestão política, bem como sua própria gestão, além de pontos pouco conhecidos de sua biografia e carreira também são delineados. É importante destacar que a secretária ainda citou a estátua da Sambista e ativista do movimento negro, Deolinda Madre ficou conhecida como Madrinha Eunice por batizar dezenas de crianças. A obra localizada no Bairro da Liberdade, faz parte de um projeto que homenageia personalidades negras da cultura paulistana. A Praça da Liberdade, fica em um bairro originalmente negro que foi ocupado pela cultura japonesa.
Acompanhe duas versões da entrevista – a primeira um resumo de 4 min e a segunda completa de 12 min
Deixe um Comentário
Você deve logar para comentar