Campinas, 29 de Junho de 2015 – O Departamento de Agricultura dos EUA acaba de publicar boletim no qual analisa as importações de carne de frango da África do Sul. Nele, apresenta gráfico (reprodução abaixo) no qual demonstra que o Brasil é o principal fornecedor de carne do frango dos sul-africanos, respondendo por 60% das importações realizadas por aquele país.
Como a base de dados adotada pelo USDA data de 2011, é provável que, em função de restrições posteriores por parte da África do Sul, a participação brasileira seja, hoje, bem menor que a apontada. Mesmo assim o frango do Brasil permanece na primeira posição.
Mas o que cabe perguntar aqui é: qual a intenção do USDA ao analisar as importações de carne de frango da África do Sul se, como descreve o próprio órgão, “o frango dos EUA sequer ‘ranqueou’ entre os ‘top five’”?
A verdade é que, após um embargo iniciado em 2000 (imposto através de direitos antidumping) e que deveria se estender até 2017, os EUA acabam de firmar acordo pelo qual a África do Sul reabre seu mercado à carne de frango norte-americana.
Para chegar a esse acordo (firmado em Paris), os EUA dispuseram-se a atender uma quota limitada. Propuseram 110 mil toneladas anuais. A contraproposta sul-africana foi de 50 mil toneladas. No compromisso assumido chegou-se às 65 mil toneladas anuais.
E o que isso representa nas importações da África do Sul? Dados também do USDA apontam que no ano passado os sul-africanos importaram 369 mil toneladas de carne de frango. Portanto, a quota obtida (sem considerar as variações para mais ou para menos que devem ocorrer neste ano) corresponde a pouco mais de 17% do total importado e, de imediato, coloca os EUA como o segundo maior fornecedor do país.
Mas esse acesso cria, também, o risco de perda de mercado para os demais fornecedores, inclusive o Brasil. Em 2014, dados da SECEX/MDIC, o Brasil exportou para a África do Sul 156,4 mil toneladas de carne de frango, volume que colocou aquele mercado como o oitavo maior importador do produto brasileiro. E se os dados do USDA estiverem corretos, isso representou 42% do total importado pela África do Sul no ano passado.
Já a quota obtida pelos EUA (e cuja efetivação ainda depende de acertos entre os dois governos) corresponde a 41,5% do total exportado pelo Brasil para a África do Sul em 2014.
Agora, uma pergunta fica no ar: qual será o efeito dessa reabertura sobre as exportações brasileiras?
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