A Marcha liderada pelo pastor Martin Luther King em 28 de agosto de 1963 foi lembrada, na sexta-feira, 26, por uma manifestação organizada por igrejas no Lincoln Memorial em Washington. Há 60 anos, Luther King proclamava no mesmo local: “Eu tenho um sonho”, ícone na luta por justiça e paz.
O presidente da Rede de Ação Nacional, pastor Dr. W. Franlyn Richardson, destacou que a marcha não foi apenas um evento de reflexão, mas uma marcha de projeção para o futuro. “Sim, marchamos nacional e globalmente e ainda estamos marchando”, disse a presidente do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) da América do Norte, pastora Dra. Angélique Walker-Smith.
“Quando vamos dizer basta!” – disse a presidente do Conselho Nacional das Igrejas de Cristo nos Estados Unidos, bispa Vashti Murphy McKenzie. “Não é seguro ser negro, preto ou pardo em qualquer lugar, na América ou no mundo”, lamentou, acrescentando: “Esta é uma guerra contra nós”.
No mesmo dia da marcha deste ano (28-08-2023), em Jacksonville, na Flórida , dois homens e uma mulher negra foram mortos a tiros numa loja por um supremacista branco, armado com um fuzil e uma pistola, também morto no local. Ele postou vários “manifestos” na mídia, detalhando seu ódio pelos negros.
O bispo Talvert Wesley Swan II, da Igreja de Deus em Cristo, refletiu sobre “tempos estranhos que vivemos”. Ele enfatizou: “Estamos aqui para dizer que você não pode nos apagar”. Enfática, McKenzie relembrou a luta diária dos afrodescendentes para manter sua personalidade: “As pessoas sentem que têm o direito de revogar os nossos direitos – direitos básicos – todos eles zombando da democracia. Esta é a hora de continuar acreditando que a justiça ainda é possível”. McKenzie frisou mais uma vez que esta é uma hora. “Devemos ter vontade de liderar e não apenas reagir. devemos redefinir a bússola moral das nossas ações. Agora é uma hora!”
O bispo presidente da Igreja Metodista Episcopal Cristã, Charley Hames Jr, destacou que “no momento em que estamos aqui hoje, reconhecemos que a luta pela dignidade, justiça e direitos civis não acabou. Devemos carregar a tocha que eles acenderam e continuar a sua missão de criar uma sociedade verdadeiramente inclusiva e equitativa”.
A Marcha sobre Washington, há 60 anos, foi uma poderosa declaração contra a injustiça racial, disse Hames, em registro do serviço de imprensa do CMI. Aquela marcha “lembra-nos que devemos enfrentar todas as formas de opressão e discriminação sistêmica”, frisou.
O pastor Richardson informou que a nação foi construída nas costas dos afro-americanos e do povo africano. “Hoje vimos avisar que estamos certos de instalar o que investimos – ou que nossos antepassados e antepassadas depositaram nesta nação. Portanto, estamos todos aqui porque todos investimos nesta nação e estamos à altura das suas possibilidades.” Há 60 anos, Martin Luther King usou a imagem de uma transação comercial:
“De certo modo, nós viemos à capital de nossa nação para trocar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e a Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota promissória para a qual todo americano seria seu herdeiro. Esta nota era uma promessa que todos os homens, sim, os homens negros, como também os homens brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis de vida, liberdade e a busca da felicidade. Hoje é óbvio que aquela América não apresentou esta nota promissória. Em vez de honrar esta obrigação sagrada, a América deu para o povo negro um cheque sem fundo, um cheque que voltou marcado com ‘fundos insuficientes’. Mas nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível.”
Edelberto Behs
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